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Editorial

O privilégio da vida

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O canto das cigarras nos fins de tarde não nos deixa enganar. Está chegando o Natal. As decorações natalinas começam a ganhar as ruas, fachadas e vitrines do comércio. As casas também ganham seus enfeites.

Presépios, pinheiros, bolas coloridas e luzes inspiram as pessoas e conviver em graça essa época tão especial, que é a chegada das festas de fim de ano. Vivemos esse clima gostoso, que é uma mistura de resiliência de vencer um ciclo e de esperança por um novo ciclo que vai começar.

Mas este Natal é mais especial, pois o ciclo que vivemos e ainda estamos vivendo foi muito duro com todos nós.

Amigos, conhecidos, tanta gente se foi por conta da Covid-19. A insegurança, o medo, a distância das pessoas que amamos. Tudo está sendo deixado para trás nessa nova etapa na vida de todos, com o status atualizado de mundo pós-pandêmico que oxalá iremos alcançar em breve.

Temos muito a comemorar. Temos a vida a comemorar. E agora, comemorar com as pessoas que amamos, em muitos casos depois de mais de um ano e meio longe umas das outras. Comemorar com abraços que foram duramente arrancados de nós, com carinho do toque, com o olho no olho, com os sorrisos que as máscaras insistiram em esconder por tanto tempo.

Ah, o Natal de 2021. Esse será um Natal jamais esquecido, para sempre lembrado. O Natal do reencontro, o Natal que celebra não “apenas” o nascimento de Jesus Cristo, mas enaltece o ressurgimento da vida de todos nós.

O Natal da volta das festas, das risadas, o Natal fora de casa, onde as pessoas vão estar onde bem entenderem. O Natal sem restrições, sem aquelas notícias desoladoras que digerimos no ano passado.

Como foi bom poder chegar até aqui para reviver esse clima natalino. As férias chegando, o 13º salário caindo na conta do trabalhador, os comerciantes eufóricos com as possibilidades de melhorar um pouco a saúde financeira de seus negócios, as pessoas dispostas a comprar, mesmo que ainda não da maneira como todos gostariam. As famílias se reunindo, os amigos planejando festas, laços em torno de presentes, tudo conforme manda o manual.

Parece que definitivamente a vida está voltando ao normal, ou quase isso, ou o tal de novo normal. E por isso, acima de todos os outros Natais, a data de 2021 traz consigo muito mais esperança. Esperança que meses atrás estávamos longe de alcançar. Esperança que até pouco tempo atrás era consumida pelo medo, destroçada pelo luto. O Natal da esperança.

As cigarras estão cantando diferente neste ano. O som ecoa como um grito de vida. Como foi bom chegar até aqui e aproveitar tudo que esse clima de fim de ano proporciona. É hora de levantar a cabeça, estamos prontos para gritar: vencemos! Grito que está entalado em nossos corações e que vai aliviar as nossas almas. Como foi bom chegar até aqui para cantar, dançar, festejar, abraçar quem amamos.

Nossas cicatrizes jamais vão desparecer, mas é por essas cicatrizes que devemos celebrar a vida. Um ciclo se finda, outro começa. Como foi bom chegar até aqui. Como é bom o privilégio da vida.

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