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Editorial

Repita: eu não deixo água parada!

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Uma profunda dor se espalha por todo o corpo, daquelas de derrubar o cidadão. Não dá para sair da cama. Remédio de seis em seis horas e nada da dor passar. Essa dor irritante e aguda tem a companhia de uma vigorosa febre alta, de provocar calafrios a todo momento. Comer não é fácil, assim como executar tarefas banais, como ir ao banheiro ou dar comida ao cachorro. Os dias avançam e nada dos sintomas passarem. Pelo contrário, o quadro clínico só piora. Hora de voltar ao hospital. Dois dias depois, a dor passa, a febre cessa… a pessoa morreu. E tudo porque alguns dias antes um mosquito de no máximo 16 milímetros e 2,5 miligramas picou esse cidadão. Creio que você já entendeu, nobre leitor, que se trata da dengue, uma doença que causa muitos transtornos e pode levar à morte.

O número de casos confirmados no Oeste do Paraná aumenta exponencialmente a cada novo boletim da Vigilância Sanitária. Na 20ª Regional de Saúde, que abrange 18 municípios já são quase 500 casos confirmados e quase mil notificações suspeitas – quase todas acabam sendo confirmadas. Mais da metade está em um único município: Guaíra, com 290 casos confirmados. Em Quatro Pontes, já são mais de 50 pessoas infectadas pelo vírus. Em Marechal Cândido Rondon, eram quatro casos no relatório anterior. O documento divulgado nesta semana já mostra um número bem maior: 15. No intervalo entre um relatório e outro a Secretaria de Saúde do município já atualiza: agora são 17. E aumentando. No Paraná, o avanço em relação a 2018 é de quase 5.000%. Mais de sete mil pessoas doentes, muitas das quais, debilitadas, com doenças graves, propensas à morte. Vale lembrar que atrás de cada um desses números existe a dor, o sofrimento, a febre, o medo. Existem vidas em risco.

A água parada é o instrumento dessa proliferação. É aí que entra o real motivo para que os números beirem uma epidemia, como já aconteceu em Marechal Cândido Rondon, que chegou a registrar mais de mil casos da doença. Naquele ano de 2015 houve vítimas fatais, incluindo uma jovem de apenas 23 anos. Sim, senhor, não são só velhos e doentes que morrem. A doença é séria, mas as pessoas não a encaram com a devida seriedade.

A única forma de conter o avanço dessa doença que atinge o Brasil todo é evitar o acúmulo de água. Até uma sacola plástica no chão pode ser um criadouro ideal. Por isso, acabar com esses reservatórios é primordial para que a dor e a morte não permeiem cada vez mais pessoas. Acabar com a água parada deve ser hábito incorporado à rotina. E é preciso fazer mesmo, além de discursos politicamente corretos, pois se o mosquito acha você, também vai achar um cantinho ideal para depositar seus ovos, que viram larvas, que viram novos “assassinos” voadores.

O mosquito está zunindo na orelha e não está para brincadeira. A população está descuidando e, como parece estar acontecendo, tem o enorme desprazer de observar os casos se multiplicarem. E ainda é cedo. A “safra” da dengue tem ainda alguns meses pela frente. Cabe ao cidadão frear esses números assustadores, ou esperar para quem vai ser o próximo sorteado nessa loteria que pode ser fatal. Então, repita: eu não deixo água parada!

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