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Editorial

Sem máscaras, mas poucos motivos para sorrir

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Em Marechal Cândido Rondon não é mais obrigatório o uso de máscaras, seja em locais abertos ou fechados. O decreto que nos habilita a abandonarmos esse acessório que nos acompanhou por quase dois anos é mais que um alívio, é a esperança de que o fim da pandemia está próximo.

O exemplo é seguido em grandes cidades do país, que já flexibilizaram o uso da máscara em locais abertos, como ruas, praias, calçadas e praças. Em pouco tempo, fará parte do passado. Pelo menos é o que se espera.

Foram quase dois anos cobrindo nossos sorrisos, nossas expressões, nossa angústia, nosso medo. Foram quase dois anos cobrindo nossa tristeza, nossa felicidade, sufocando nossas alegrias, escondendo nosso luto. Mas ela teve um propósito muito especial, que é resguardar a saúde e a vida das pessoas, evitar que a Covid-19 se espalhasse ainda mais, causando mais infecções, mais internações, mais mortes. As máscaras foram fundamentais no combate à pandemia.

Mas agora que podemos mostrar nossos rostos plenamente, que podemos nos expressar em nossa totalidade, temos poucos motivos para sorrir.

O mundo observa chocado a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Mais de dois milhões de refugiados, centenas de mortos, agressões covardes, intimidação, medo, desilusão, pobreza e tudo mais que uma guerra entre países provoca. Departamentos de armas nucleares em alerta, negociações de paz que não funcionam, um desastre, uma catástrofe humanitária.

Aqui e em boa parte do Brasil, como em Marechal Cândido Rondon, agricultores escondem o sorriso pela frustração da safra de verão. Desemprego, inflação a níveis alarmantes, preços dos alimentos que não param de subir, corrosão total do dinheiro do trabalhador.

Para piorar, e piorar bastante, a Petrobras anunciou ontem (10) que vai aumentar o preço dos combustíveis. Para a gasolina quase 20%, para o diesel 25%, para o gás de cozinha mais de 15%. Efeito da guerra, que aumentou o valor do preço do petróleo, mas um defeito nosso, da Petrobras, uma estatal que não cuida de seus verdadeiros donos, os brasileiros, mas, sim, de uma meia dúzia de poderosos investidores, que observam suas fortunas duplicarem do dia para a noite enquanto o povo mingua a cada nova esguichada para dentro do tanque do carro.

Com isso, tudo vai ficar mais caro, mais uma vez. Viajar, trabalhar, comer, se vestir, estudar, tudo vai ficar mais caro. Períodos nebulosos na Europa, mas também aqui no Brasil. Dias difíceis estão por vir.

Estamos vivos e este é o principal motivo para sorrirmos. Nossos cuidados, as máscaras e as vacinas nos trouxeram até aqui para podermos contar essa história. Sem as máscaras poderíamos estar sorrindo por estarmos vencendo a pandemia, mas as ameaças globais e a inflação que destrói a renda do brasileiro inibem nossos sorrisos e nos deixam uma pergunta: onde tudo isso vai parar?

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