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Editorial

Só um golinho

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A bebida alcoólica também é droga. Tolerada pela sociedade, consumida por boa parte dela, sejam em doses moderadas ou cavalares, é verdade, não deixa de ser um estimulante psicoativo que causa dependência. Mais do que isso, o álcool é responsável por grande parte dos acidentes automobilísticos causados no país. Apesar dos avanços da Lei Seca, basta observar a ampliação do número de acidentes nos fins de semana, provocados por quem sai para se divertir, mas bebe, dirige e causa desastres.

Evitar que crianças e jovens tenham contato e acesso precoce às bebidas alcoólicas é dever da família, da comunidade e das autoridades públicas. Mas o que se tem percebido é que esse contato tem sido cada vez mais cedo, promovido por quem deveria evitar ao máximo essa aproximação: os próprios pais. São eles que muitas vezes são os responsáveis para a iniciação de crianças e adolescentes no consumo da cervejinha gelada, da caipirinha de domingo, no licor docinho, no golinho só para experimentar.

É o que tem assustado membros das forças policiais que trabalham com o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), promovido em Marechal Cândido Rondon pela Polícia Militar do Paraná. Com diversas atividades no ambiente escolar, esse programa vem, ao longo dos anos, ajudando as famílias e, por que não, também os profissionais das escolas a tratar do tema, tão delicado e de extrema importância para a conscientização das futuras gerações.

Agora, mais uma turma do Proerd vai se formar no município, assim como será em muitos outros. São alunos que passaram por seis meses de palestras e orientações, feitas por policiais dentro das salas de aula, e que receberam valiosas informações para evitar cair nessa grande armadilha.

Assusta também o fato de que a presença da polícia tem estimulado meninos e meninas a procurar ajuda alegando maus-tratos e até mesmo abusos físico, psicológico e até sexual de parentes próximos. Os problemas existem, são fartos e estão no seio da família. Programa como esse é de suma importância para que não somente as crianças sejam protegidas, mas para que as famílias entendam que o perigo pode estar escondido em uma boa intenção, que pais e mães lidem com a questão das drogas abertamente, mas respeitem a idade de desenvolvimento de seus filhos e não interfiram nesse desenvolvimento e não estimulem o uso de drogas, seja ela qual for.

A sociedade precisa não somente valorizar ações como o Proerd, mas também entender que a cultura do uso de bebida alcoólica é algo danoso para si mesma. Maconha, cocaína e drogas sintéticas engrossam a lista a que os jovens têm cada vez mais precocemente o acesso. Algumas, lamentavelmente, no próprio ambiente familiar.

As más influências que antes estavam nas ruas agora parecem surgir dentro de casa. Muita tolerância e pouca consciência estão tornando muitos pais e mães os algozes de seus próprios filhos. Pode parecer exagero para aquele golinho para experimentar, mas tenham certeza de que isso não vai acabar por aí. Há instituições que trabalham contra isso. A família precisa ser uma dessas instituições.

 

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