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Editorial

Urbano e rural: uma coisa só

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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou esta semana o Plano Safra 2020/2021, que vai fornecer R$ 236 bilhões para apoiar a produção agropecuária nacional. O aumento em relação ao plano anterior é de 6,1%. Somente para o cooperativismo o plano prevê R$ 170 bilhões.

São números grandiosos que refletem a grandeza do agronegócio, pilar forte da economia nacional e que agora é mais uma vez o motor para tirar o país da grave crise financeira provocada pela pandemia. Naturalmente, o agronegócio é o setor que menos sofreu com a chegada do coronavírus, afinal, as pessoas precisam continuar a se alimentar. Para a ministra Tereza Cristina, o agronegócio vai sair fortalecido da pandemia, pois os brasileiros verão com mais clareza como ele realmente é importante na vida das pessoas.

É uma boa oportunidade para se refletir na divisão equivocada que a sociedade faz de urbano e rural, separando coisas inseparáveis. De fato existe o meio rural, com as fazendas, o interior, e o meio urbano, com prédios e comércios, mas dividir as atividades que acontecem no campo e nas cidades é uma prática ultrapassada e equivocada. Um depende do outro e vice-versa. Não há urbano sem rural, não há rural sem urbano.

A histórica divisão é bastante clara. Para muita gente da cidade, produtor rural é agressor do meio ambiente e reclama de barriga cheia. São os mesmos que acreditam que o leite vem da caixinha. Para muitos produtores, a cidade é opressora e não é lugar de gente séria. São os antiquados “Jecatatus”.

Mas o que seria do produtor de leite se o consumidor não comprasse nos supermercados? Como o dono da loja de calçados iria vender sem o couro que vem da criação de gado? Imaginem uma loja de roupas sem o algodão que brota das lavouras. Que tal aquela cervejinha no fim de semana… Sem o produtor de cevada não dá. Para pizza, trigo. Para a cachaça, cana. O pneu do carro, látex. Para a cuca recheada, ovo, trigo, leite, fermento…

E o que o avicultor faria se não tivesse a agroindústria para processar seus 30 mil frangos? E o que seria se os frangos não gerassem empregos nas indústrias das cidades.

Separar o urbano do rural, como se um não dependesse do outro, é prática que precisa ser eliminada. A cidade e o campo precisam se aproximar no campo das ideias e ideais. E talvez essa pandemia possa trazer esse reflexo positivo, abrindo espaço para mais maturidade na sociedade brasileira. Abrir a mente para entender como o todo funciona é uma forma de compreender melhor o papel de cada um dentro da sociedade.

O agronegócio está mais uma vez demonstrando do que é capaz em momentos de crise. Vai crescer, vai ajudar a manter empregos e renda, vai, essencial e primordialmente, alimentar as pessoas. O agro é feito nas roças e nas cidades. Milhares de empresas nas cidades trabalham para as roças. Não são coisas distintas, são coisas complementares.

 

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