Arno Kunzler
Digno de elogios
O Banco Central (BC) demorou, mas fez o que deveria ter feito meses antes. Quando acelerou a queda dos juros, deveria ter parado.
Quando a inflação deu os primeiros sinais, o governo e o BC acharam que era reflexo da pandemia e do auxílio emergencial e equivocadamente continuaram baixando os juros até chegar a menos de 3% ao ano.
Os juros baixos geram sede e vontade de consumir e as bolhas de consumo causam escassez de produtos, que geram mais inflação.
Talvez não fosse possível evitar o aviltamento de alguns preços, mas a bolha de consumo interna, sim.
Ela era visível e artificial e com dinheiro emprestado, empresas e pessoas físicas se endividaram.
Agora muitas estão em dificuldades e é só ver o resultado dos bancos para entender onde o dinheiro da economia das pessoas foi parar.
Hoje, por pior que seja a taxa de juros mais elevada, as pessoas conseguem guardar dinheiro novamente e isso é fundamental na economia.
O dinheiro precisa gerar empregos e renda, sim, mas o dinheiro aplicado, a poupança das pessoas não pode perder valor para uma inflação camuflada.
Quando o aplicador do dinheiro se dá conta, perdeu 30% ou 40% do poder de compra.
O dinheiro barato só pode financiar investimentos de médio e longo prazo, não o consumo imediato.
Ninguém em sã consciência defende juros altos, mas é preciso defender o controle da inflação.
A taxa de juros é o mecanismo mais adequado para controlar a inflação.
Só inflação sob controle consegue preservar o poder de compra das famílias.
Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul