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Arno Kunzler

Disputa pelas versões?

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Pode-se contestar a liderança do ex-presidente Lula até onde quiser, mas é inegável que ele é o político mais competente da história do Brasil democrático.
Literalmente competente, é competitivo e compete sempre.
Não há comparação com Brizola, Collor, FHC ou qualquer outro que de alguma forma tenha tido êxito nas disputas políticas.
Lula disputou o segundo turno das eleições de 1989, 1994 e 1998, perdendo para Collor e FHC.
Em 2002, Lula se elegeu com muita facilidade tendo como adversário do segundo turno José Serra. Se reelegeu em 2006 tendo como adversário do segundo turno Geraldo Alckmin.
Em 2010 foi o idealizador, avalista e elegeu sua sucessora Dilma Rousseff, vencendo novamente José Serra no segundo turno.
Em 2016, com o PT e o governo Dilma já desgastados, conseguiu a proeza de reelegê-la contra Aécio Neves, no segundo turno.
Bom, aí aconteceu o que todos lembram, é história recente, surgiu a Lava Jato e Lula foi preso.
O movimento contra o PT e a corrupção dos governos petistas tomaram conta das ruas e Dilma foi cassada.
Seu vice-presidente Michel Temer assumiu e concluiu o governo, não sem antes sofrer com acusações gravíssimas de corrupção, especialmente no caso Joesley Batista.
Michel Temer teve que travar verdadeiras batalhas no Congresso para não ser cassado também.
Com o PT desgastado e o governo Temer em frangalhos, chegou a eleição de 2018.
O Brasil buscava uma liderança nova, fora do quadro político que governou durante os 30 anos da redemocratização.
Alguém limpo, identificado e honesto que pudesse conduzir o país a uma reestruturação institucional.
Os mais afoitos pregavam até mesmo golpe contra as instituições (leia-se Congresso Nacional e Poder Judiciário).
Aí surgiu um capitão, que já foi deputado, mas sempre contestador e polêmico, defendendo temas importantes para uma grande parte do eleitorado: família, armas, propriedade e combate ao comunismo, para lembrar de alguns apenas.
Pois bem, chegamos ao último ano do governo Bolsonaro, o escolhido para mudar o Brasil e escrever uma nova história.
E o que nos espera em 2022 é uma disputa acirrada entre três forças políticas, cujas candidaturas surgiram antes da eleição de 2018.
A que surgiu do movimento da Lava Jato e que está renascendo hoje, especialmente pela liderança de Sergio Moro, tentando se constituir na chamada “terceira via”.
A força eleitoral do atual presidente, que pontua religiosamente acima de 20% em todas as pesquisas e hoje disputaria o segundo turno com Lula.
E o tão contestável, desprezível, condenado e solto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), líder maior do PT, Lula, que não por acaso vem liderando todas as pesquisas.
Vamos ter no mínimo (se não surgir nova liderança) três versões de candidaturas no Brasil, todas a partir da Lava Jato, três versões que tentam confirmar suas narrativas.
Qual das três versões será a vencedora?
A que souber entender melhor o que o povo brasileiro vai entender como importante nesta eleição.
O que foi dito na campanha passada hoje tem menos peso, novas bandeiras, novas versões vão surgir, vão canalizar a opinião pública.

Arno Kunzler é jornalista e fundador do Jornal O Presente e da Editora Amigos
arno@opresente.com.br

 

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