Arno Kunzler
Eis o problema
Todos nós já diagnosticamos os problemas do Brasil.
Tem dias que estamos mais revoltados e outros menos, pelos mesmos problemas ou cada um pelo seu problema, de acordo com o seu ponto de vista.
Corrupção, gastança do governo, elevados salários de alguns setores privilegiados, serviço público de má qualidade, elevada carga tributária, encargos sociais e leis complexas, falta de perspectiva para melhorias na saúde pública, educação, justiça, segurança, estradas e, apesar das promessas, falta de programas para combater a fome e a pobreza e falta de estímulo para o empreendedorismo… e por aí vai.
As listas diferem de acordo com o interesse de cada um.
Mas a questão que se coloca é: como queremos resolver nossos problemas?
É crescente o número de pessoas que acredita em soluções mágicas, tipo, vamos escolher um ditador e ele vai resolver tudo.
Primeiro que ditador não se escolhe, segundo, não tem data de validade.
Confesso que é uma tentação, existe apelo para tal quando observamos nossa máquina pública emperrada e não raramente produzindo injustiças.
Mas, apesar do apelo, eu não acredito em melhorias para a Nação (povo brasileiro) fora do embate e da discussão política.
Poderia se pensar em soluções pragmáticas, de cima para baixo, para um ou outro setor, mas não e jamais para um país do tamanho do Brasil, com a complexidade e diferenças regionais e diferentes maneiras de pensar e agir.
Vamos ter que enfrentar os desafios que nos separam dos nossos ideais, via lutas democráticas.
Vamos ter que acreditar nas instituições, melhorando-as pelo voto.
Vamos ter que acreditar nas pessoas que elegemos, ajudando-as e estimulando-as para não se intimidar diante de um sistema lento, complexo e corrupto.
O calor das ruas produz efeitos sim, apesar de tantas decepções que já vivemos e ainda viveremos.
Nossa descrença momentânea em determinados políticos e nas instituições não pode produzir crises de identidade e confiança dentro de nós mesmos.
Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul
@arnokunzler
