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Arno Kunzler

Homem show

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Um dos maiores símbolos do bolsonarismo indiscutivelmente é o homem da Havan, como Luciano Hang gosta de ser chamado e conhecido.

Perspicaz, inteligente, bem-humorado, atrevido, dono do seu próprio nariz, bem resolvido financeira e politicamente, o homem não perde a oportunidade para alfinetar quem ousa discordar de suas atitudes.

Desde o jeito de se vestir até o jeito de falar impressiona pela coragem e pela forma.

Ao invés de ficar nervoso por ter sido convocado pela CPI da Pandemia para depor, ficou mais faceiro ainda por enxergar nesse ato uma oportunidade para falar da grandiosidade da sua obra e do seu legado e enaltecer ainda mais os seus negócios.

Ao negar que tenha partido, mas reafirmar que se tornou um ativista político, tenta mostrar que está nessa luta não para apoiar o presidente Bolsonaro, mas para construir um Brasil melhor.

É obvio que seus vídeos publicados são de apoio incondicional ao presidente, mas deixa claro que acima desse apoio está a convicção política por mudanças, especialmente para reduzir a burocracia no Brasil.

Luciano Hang, o homem da Havan, é indiscutivelmente um protagonista nato.

Tem um olhar refinado sobre o Brasil político e um talento ímpar para negócios.

Quando resolveu unir a imagem do empresário à sua imagem política, para se tornar um ativista político, comprou todas as brigas imagináveis, que atormentam diariamente o empresariado brasileiro, brigando com prefeituras e governos.

Projetou suas empresas em todo o Brasil e a cada dia dá sinais de que, se ainda não é, logo será o homem mais rico do país.

Admitiu que sua mãe morreu de Covid e que a certidão de óbito foi adulterada, mas não se incomoda com isso.

Declarou que foi um erro do plantonista e não soube dizer se partiu de uma orientação do plano de saúde Prevent Senior e nem que tenha sido orientação sua.

Na CPI, debochou com algumas respostas que chegaram a causar mal-estar entre os senadores, mas saiu feliz, rindo e satisfeito com o resultado do seu marketing.

Os bolsonaristas eufóricos passaram a usar a imagem do empresário e suas respostas na CPI para o marketing do presidente.

Sem dúvida, esse foi um dia infeliz para a CPI.

 

Arno Kunzler é jornalista e fundador do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

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