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Arno Kunzler

O que sobrou?

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Há poucos anos o Brasil falava em obras gigantescas, crescimento econômico contínuo, revolução na educação com o Pronatec e outros programas e a descoberta do pré-sal era vista como algo parecido com a conquista da nossa independência.

Onde foi parar toda essa riqueza que de repente sumiu?

Uma boa parte da nossa riqueza, em espécie, está nos bancos suíços e nos paraísos fiscais mundo afora, pertencente aos que usurparam o governo com sua esperteza, mas também com a benevolência dos que governaram.

Outra parte pagamos através dos juros que todo setor produtivo é condenado a pagar através de uma gigantesca máquina que enriquece banqueiros e seus parceiros e subtrai boa parte da renda que deveria ser em salários e em lucro para as empresas.

Outra parte foi parar nas mãos sujas dos empreiteiros e seus corruptores que, em conluio com as autoridades constituídas, de forma irresponsável e desonesta, venderam obras a preços superfaturados, fazendo com que muitas sequer fossem concluídas e as que foram não tivessem a qualidade e nem os prazos combinados.

Outra parte da nossa riqueza é sequestrada diariamente pela máquina burocrática que governa em todos os níveis da república, uma sangria sem limites e de uma voracidade que dá medo.

Uma grande parte da nossa riqueza que estava sendo saudada em verso e prosa foi perdida nas mãos incompetentes de gente que foi nomeada para administrar inúmeras empresas e órgãos públicos sem nenhuma qualificação, sem nenhuma experiência e, pior, sem honestidade.

Uma outra e boa parte da riqueza está sendo perdida com incentivos, não raramente dirigidos a determinados grupos empresariais que em troca não oferecem a reciprocidade prometida, apenas tomam o dinheiro para repartir parte com quem facilitou o acesso.

Mas a riqueza era abundante e tinha para desperdiçar em todas as áreas e, claro, categorias profissionais bem organizadas também fizeram parte da distribuição e conseguiram elevar seus ganhos irresponsavelmente.

Sorte nossa que a riqueza se renova e o Brasil é gigantesco, tem potencial e capacidade para refazer o caminho do progresso e começar tudo de novo. Mas para isso, uma riqueza não pode se perder: a nossa esperança.

É preciso ter respeito com aquilo que temos armazenado em milhares de cabeças de brasileiros que não se abalam nem com os escândalos, nem com a incompetência e nem com as mentiras e bravatas dos nossos políticos para ludibriar os brasileiros em suas campanhas eleitorais.

Apesar de que nossa esperança já pode ser considerada uma espécie de teimosia, tamanha é a quantidade de lideranças envolvidas em escândalos de corrupção e que precisam ser banidas da política urgentemente.

Enquanto nossas instituições mostram fraqueza, muitas sofrem do mesmo mal, nossa esperança vai se arrastando de mão em mão, hora nas mãos de Joaquim Barbosa, hora nas mãos de Sérgio Moro.

Para preservar nossa maior riqueza, a esperança, algo precisa ser feito com urgência, primeiro para recuperar as instituições e segundo para recuperar a credibilidade nas pessoas que dirigem as instituições.

Por enquanto, ainda sobrou a ESPERANÇA!!!

 

* O autor é jornalista e diretor do Jornal O Presente

arno@opresente.com.br

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