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Elio Migliorança

Cancela da discórdia

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A tramitação legal previa audiências públicas para ouvir a população paranaense a respeito da nova concessão de rodovias, sobre as quais haverá a cobrança de pedágio. Pedágio é o direito de passagem por uma estrada, adquirido através do pagamento de uma taxa, em troca de investimentos feitos pela empresa na construção ou conservação daquela estrada.

Teoricamente, as audiências públicas deveriam definir o modelo e os valores das novas concessões. Na prática não é o que aconteceu com as audiências públicas que definem as novas concessões por 30 anos. A maior revolta é com a anunciada “cancela” a ser instalada no trecho entre Toledo e Cascavel.

Cancela é uma grade que se abre ou fecha para controlar a passagem de veículos ou pedestres. Cancela da discórdia porque existe um verdadeiro abismo entre o que pensam o governador Ratinho Junior e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, os únicos que são favoráveis à sua instalação, e talvez ainda uma meia dúzia de burocratas nos gabinetes refrigerados do ministério em Brasília a favor do projeto. Fora estes, os demais são contra esta cancela, atualmente batizada de “praça de pedágio”, porque ela é injusta, desnecessária e uma afronta ao povo do Oeste do Paraná.

A patética decisão pela instalação caiu como uma bomba, porque em todas as audiências públicas realizadas a rejeição foi unânime. Parece que todos fizeram o papel de palhaço. Foram ouvidos, mas não foram levados em conta.

O trecho em questão, que vai de Toledo a Cascavel, foi duplicado durante o Governo Requião com recursos do Estado. Portanto, já pagamos pela obra. Pagamos inúmeros outros impostos, tanto sobre veículos quanto sobre combustíveis, a título de construção e conservação de rodovias. Logo, a tese do pedágio para manutenção não se sustenta, já que estamos pagando por isso, e até agora não foi dito e nem vai ser feito o cancelamento de qualquer imposto que estamos pagando.

Com isso, o pedágio será mais uma conta espetada nas costas do contribuinte. A lógica é perversa porque somos um grande produtor do agronegócio nacional. É importante destacar que Toledo tem o maior Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário do Estado e a região Oeste merece um pouco mais de respeito por parte dos governos estadual e federal, já que contribuímos de forma significativa para o superávit da balança comercial brasileira.

O agronegócio é cantado em verso e prosa pelos políticos de todas as esferas do poder e no momento está sendo assaltado de forma vergonhosa e injusta e, o que é ainda pior, está condenado a pagar o que não deve pelos próximos 30 anos.

Não é sem motivo nossa indignação. Estamos pagando a mesma conta três vezes. Primeiro pagamos a duplicação da BR-467, feita com recursos do Estado; estamos pagando impostos para pavimentação de novas rodovias e manutenção das já existentes; e com o pedágio pagaremos a mesma conta, agora em duplicidade. Uma afronta e uma injustiça contra a qual todas as pessoas de bem precisam se mobilizar para impedir mais este assalto ao sofrido contribuinte do Oeste do Paraná.

É importante ressaltar que todos indistintamente vão pagar esta conta, porque os custos do pedágio serão repassados a todos os produtos de nosso consumo diário. Omitir-se neste momento é covardia. Os covardes duram mais, mas vivem menos. Pense nisso e tome uma posição.

 

O autor é empresário rural, professor aposentado e ex-prefeito de Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

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