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Edifício Colombelli é pioneiro na verticalização da cidade; na década de 1970, quando inaugurado, era chamado de “primeiro arranha-céu de Cascavel” e virou cartão postal

Em primeiro plano, o edifício Alfredo Colombelli reinava sozinho nas alturas. Mesmo com modestos 14 andares, era chamado de arranha-céu. Ao fundo o edifício, Lince, o 1º comercial. No detalhe, o prédio em foto recente: posição considerou vento e insolação

Chegava ao meio a década de 1970 quando brotou na Rua Mato Grosso o primeiro edifício dotado de mais de cinco andares em Cascavel. Era o Alfredo Colombelli, com seus 14 andares, o triplo do maior prédio de então, o edifício sede da Copal.

O Copal, predinho pioneiro na Avenida Brasil com Pio XII, apresentou problemas estruturais e seus andares superiores nunca chegaram a ser ocupados. Talvez esse episódio tenha alimentado uma lenda urbana da época: de que o subsolo de Cascavel não suportaria grandes prédios.

Fato é que o Colombelli derrubaria por terra esse tabu. Outros três vieram na sequência: o Lince, o Copas Verdes e o prédio da Telepar. Mas o Colombelli foi o primeiro residencial.

A caminho de completar meio século, o Colombelli tem muita história para contar. Curiosamente, a família que empresta o nome ao prédio veio de Toledo, cidade que disputava palmo a palmo com Cascavel a condição de “Capital do Oeste”.

E tamanho de prédio era documento nesta disputa. Prédio era status de cidade. Cascavel x Toledo era como homens imaturos medindo membro para saber quem tem o maior. O Colombelli nem pronto estava, e já virou atração.

“Pessoal de Curitiba vinha para cá e fazia fotos para imprimir cartões postais e ganhar algum com isso. Então fotografaram o primeiro prédio ainda em construção, o Colombelli. Como eu tinha a livraria, vendi muitos cartões postais do prédio ainda inacabado. Ganhei dinheiro com o Colombelli antes ainda de ele ficar pronto”, conta o pioneiro Beto Pompeu.

Entorta prego

Segundo o arquiteto Nilson Gomes Vieira, foi seu professor na UFPR, Luiz Forte Netto, quem assinou o projeto do Colombelli. É o mesmo escritório de arquitetura que venceu o concurso para construir o icônico prédio sede da Petrobras, no Rio de Janeiro.

Coube ao engenheiro civil José Dombroski, que depois fundaria a Ábaco Construtora, à época sediada em Cascavel, coordenar a obra. “É tudo muito bem feito; aqui, para entrar um prego na parede ou mesmo a broca da furadeira, dá o que falar”, diz a moradora mais antiga do Colombelli, Maria Raimunda Tenfen. “Não tem uma única trinca”, reforça o síndico Paulo Dias, que já mudou e voltou a morar ali quatro vezes.

O Colombelli tem 52 apartamentos, dois duplex e um triplex. Este último, na cobertura, sediou algumas das festas mais animadas dos anos 1980 em Cascavel. Embora o anfitrião fosse um homem que vestia branco, o otorrino Edimar Ulzefer, era ali que se reunia a fina flor de Cascavel, batizada pelo colunista Donizetti Adalto de “soja-society”.

Eram intermináveis as festas promovidas pelo doutor e a esposa Carmen. As fotos abundavam no dia seguinte na coluna social de Adalto, na “Gazeta do Paraná”. Era um tempo em que se considerava chique pagar para ter uma foto na coluna com uma legenda telegráfica na linha “casal elegante da sociedade de Cascavel, fulano e beltrana…”.

Ulzefer ainda mantém seu imóvel ali, embora passe a maior parte do tempo em sua morada na capital barriga verde. Ele já teve como vizinhos no Colombelli sobrenomes como Cunha, Badotti, Meneghel e Mascarello, entre outros menos votados.

O clone

Dirigido por Dombroski, construído pela Galvão, assinado por Forte Netto, bancado pela família Colombelli (que atuava no ramo de tecidos e trouxe a loja Renner para o Oeste), o edifício guarda uma curiosidade que somente o pessoal mais versado no mercado imobiliário conhece.

O Colombelli tem um clone, um copiar e colar na fronteira. O prédio é exatamente igual. “Fica na frente da Câmara de Vereadores de Foz, ao lado da igreja”, diz Paulo Carlesso, da Imobiliária Cidade.

Eduardo Sciarra, primeiro presidente do Sinduscon-Oeste, confirma a existência do clone e o vê com naturalidade: “Não é lenda não, e sim a otimização do projeto”, descreve.

O médico Edimar Ulzefer com a esposa Carmen, anfitriões de jantares concorridos no triplex do Colombelli: encontros que reuniam a fina flor da “soja society” local

O vento e o sol

Nilson Gomes Vieira, o arquiteto das mansões extravagantes de Cascavel, observa a riqueza de detalhes no projeto do Colombelli: “Veja que o edifício não foi implantado paralelo às ruas, pois considerou os ventos dominantes no local e a insolação mais adequada. Hoje poucos se preocupam com isso”.

Quanto vale um apartamento no edifício que deu a largada na verticalização de Cascavel? Segundo vídeo de uma corretora, postado há três meses no Youtube, uma unidade do Colombelli, “com 116 metros quadrados e próximo ao Marista”, está à venda por pouco mais de meio milhão de reais.

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Léo Chaves borboleteou no Tuiuti

Cantor falou do fim da dupla com o irmão, cantou até “Boate Azul” e reprisou alguns chavões de autoajuda

Em Cascavel, Leo Chaves aproveitou para visitar o famoso fogão a lenha da apresentadora Olga Bongiovanni

Palestra show ou show palestra? O cantor Leo Chaves, que fez dupla com o irmão Victor em estrondoso sucesso, esteve em Cascavel na última terça-feira (13) para um Tuiuti lotado. Era o lançamento do ciclo de palestras da Acic, o Conexão, tradicional evento de setembro voltados para os associados da entidade e público em geral.

A palestra trouxe alguns lugares comuns do gênero autoajuda corporativa e chavões mesclados com venda de livros do cantor e, lógico, música. “Escrevi um livro de derrotas”, disse o artista para surpresa de alguns. “Saí do interior em busca da fama. Conquistei carrão, mansão, fazenda… mas não encontrei a felicidade aí”. Sobre o rompimento com o irmão, foi lacônico. “Isso tudo, fama, dinheiro, sorrisos falsos, custou nossa irmandade. Só conseguimos voltar à condição de irmãos após o fim da dupla”.

Leo também revelou problemas com o uísque e uma tal “perda da espontaneidade”. Disse ter sido confundido inúmeras vezes com o irmão, quando alguém dizia: “Esse que brigou com a mulher?”.

Leo Chaves foi humilde o suficiente para dizer que em sua primeira palestra falou por três horas, conectando nada a lugar nenhum, e que 50% do público levantou-se e deixou o evento antes do final. “Quando percebi aquilo comecei cantar para segurar os que ficaram”, disse.

Embora tenha se empenhado no Tuiuti no papel de palestrante, ficou muito claro que o público queria mesmo era vê-lo cantar. Leo foi generoso: cantou Fada, Borboletas e até, pasmem, Boate Azul, a canção que anuncia o fim da festa. Como palestrante borboleteante, Leo Chaves é um ótimo cantor, simplão e gente boa. Vá em frente, Leo, continue cantando…

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The End

Militantes bolsonaristas de Cascavel e região estão se organizando em grupos de zap para comparecer em peso à solenidade de 7 de setembro. A ideia é vaiar o desfile de militares do Exército, aos quais eles se referem como “melancias” – verdes por fora, vermelhos por dentro.

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Novela ambientada no agro é campeã no Ibope

Toni Ramos no papel de Antonio La Selva, o fazendeiro valentão e tosco de “Terra e Paixão”

Fazia muito que uma novela da Globo não alcançava índices tão expressivos de audiência como “Terra e Paixão”, folhetim ambientado no agronegócio, filmada em Deodápolis, cidadezinha encravada no meio da roça, habitada por 12 mil almas, na região de Dourados (MS). Além das externas, parte da novela é gravada na cidade cinematográfica construída nos estúdios Globo, no Rio de Janeiro.

Na primeira semana deste mês, “Terra e Paixão” bateu recorde sobre recorde, segundo dados do Kantar Ibope. A aferição em tempo real foi feita na grande São Paulo, ambiente de poucos vínculos com a roça. Imagine-se, então, em regiões voltadas economicamente para o agro, como o Oeste do Paraná.

Na pauliceia de ambientes urbanos saturados, a dita selva de pedra, a novela cravou 26,3 pontos de audiência, mais que o triplo de qualquer outra emissora no mesmo horário. Nem somando todas as concorrentes, chega-se ao índice aferido por “Terra e Paixão”. Cauã Reymond, Gloria Pires, Toni Ramos, Barbara Reis, Suzana Vieira (já falecida na novela) e outros menos votados formam o cast estrelado do drama.

Antonio La Selva (Toni Ramos) é o estereótipo do fazendeiro violento, dominador, macho alfa da família. Ele exerce influência política e econômica no lugarejo, submetendo desde o gerente do banco até a diretoria da cooperativa agropecuária aos seus ditames. Sua obsessão é adonar-se das terras da viúva vizinha, Aline (Barbara Reis), que o acusa de ter encomendado a morte do marido.

Percebe-se no enredo o esforço de atores tipicamente urbanos para se adaptar aos trejeitos do mundo rural, forçando um sotaque que lembra mais o interior de São Paulo que a fala típica mato-grossense.

Além do fazendeiro valentão e tosco – que faz lembrar alguns personagens da vida real aqui da região de Cascavel – o enredo do consagrado Walcyr Carrasco “cutuca” com sutilidade as contradições e hipocrisia de alguns ditos “conservadores nos costumes”, com cenas de casais “terrivelmente religiosos” flagrados em pecaminosas puladas de cerca.

Enfim, disputa por aguadas nas fazendas, por um lugar ao sol no testamento familiar, violência doméstica e algum grau de picardia e humor refinado perfazem um ambiente sedutor para a turma que até ontem definia a emissora como “Globolixo” e que, possivelmente, anda dando uma espiadela na novela das 21 horas.

l Em tempo: “Terra e Paixão” é a única programação da Globo capaz de rivalizar com o imbatível “Jornal Nacional”. Bonner e Renata cravam sempre acima dos 25% de audiência, índice também inatingível para a concorrência, mesmo somando os índices de todas as demais emissoras.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

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