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Renato, o ungido!

Excomungado do Republicanos, “Xerife” cai atirando em ação que poderá fragmentar a base de apoio ratinho-paranhista em Cascavel a um ano das eleições para prefeito

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Renato, Pacheco, Edgar e Batatinha: com eles na disputa desenha-se um segundo turno imprevisível na eleição para prefeito de Cascavel

“Unção é a aplicação de substâncias oleosas. Muitas vezes, possui conotação política ou religiosa, ao simbolizar a concessão de autoridade a alguém”. “Ungido” é uma palavra para definir o status político de Renato Silva neste momento, a exatos 12 meses das eleições que irão estabelecer um novo inquilino no paço.

O vice já vinha de uma vitória importante quando conquistou o apoio do atual mandatário, Leonaldo Paranhos, tido e havido como maior cabo eleitoral da cidade. Porém, Renato enfrentava duro embate dentro de casa, no Republicanos, partido que divide com o deputado Marcio Pacheco, o “Xerife”. Ambos pleiteiam o mando da sigla para disputar a prefeitura.

O confronto foi duro e eles romperam relações. Na última terça-feira (24) veio o canetaço da direção nacional: Renato é o candidato dos Republicanos. Pacheco reagiu irado: disse que seus adversários usaram de todos os meios para tirá-lo da disputa a qualquer custo.

“Eleição tem que ganhar no voto, não pode ser no tapetão”, disse. E foi além: “Passo a trabalhar com o propósito de viabilizar minha candidatura em outra sigla”. Aqui o “Xerife” se transforma quase em um mártir. Se deixar o Republicanos, ele perde o mandato de deputado.

Por que razão alguém trocaria o certo pelo duvidoso, neste tudo ou nada de Pacheco? O certo é o gabinete na Assembleia Legislativa, um ativo político considerado o paraíso em que não precisa morrer para desfrutar. O duvidoso é enfrentar eleição para prefeito de Cascavel, onde do pescoço para baixo tudo é canela.

O próprio Pacheco respondeu ao Pitoco, na última segunda-feira (23), em Curitiba, a partir de uma conta simples: nas duas últimas eleições para prefeito ele, o “Xerife”, foi o candidato mais votado depois do imbatível Paranhos. Por essa conta, e sem o atual prefeito na disputa, Pacheco está convicto que chegou a sua vez. Isso justificaria “rifar” a cadeira no paraíso (digo, na Assembleia).

INTERCESSÃO DIVINA

Não faltaram esforços para ajoelhar Renato e Pacheco em uma mesma oração. Amigos em comum chegaram a levá-los para beijar o anel do bispo Reginei Módulo. Nem mesmo a intercessão do craque Zico acomodou as divergências.

Então entraram em cena outros bispos, aqueles da Universal do Reino de Deus, igreja
que coletou assinaturas dentro dos templos para formar o partido Republicanos.

Onze deputados federais do Republicanos são pastores ou bispos da Universal, incluindo aí um sobrinho e uma irmã de Edir Macedo, o chefão da seita. Chamado a decidir quem entre os católicos praticantes Renato e Pacheco seria o ungido em Cascavel, o presidente nacional do Republicanos, bispo licenciado da Universal, Marcos Pereira, apontou o cetro para o vice-prefeito. O Xerife estava excomungado.

Renato Silva é o ungido dos Republicanos. Agora, para ser prefeito de Cascavel, como diria Mané Garrincha, precisa combinar com os russos – que, a propósito, também estão em guerra.

FRAGMENTAÇÃO

Se levar a termo a decisão de disputar a prefeitura mesmo sob o risco de perder o mandato de deputado, Pacheco abre uma grave dissidência na coalizão ratinho-paranhista da cidade, gesto que concede sinal verde para outros atores do entorno também disputarem a eleição, como Gugu Bueno e Batatinha.

“Abriu mais ainda a disputa, sou pré-candidato a prefeito”, disse Oziel Luiz, que fez 30 mil votos para deputado dentro de Cascavel. Ele já iniciou negociações com o MDB, e corteja Hermes Parcianello para vice, servindo ao eleitorado uma espécie de “frango com batata”.

Uma eleição com Renato, Pacheco, Edgar Bueno e Batatinha elimina o sonho de uma noite de verão acalentado no paço municipal de decidir a parada no 1º turno. A ideia do “todos contra o Edgar” agora é utopia a ser acalentada no segundo tempo do jogo.

Jairo Eduardo – editor do Pitoco

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Agora é que são elas?

Reportagem publicada no jornal “O Globo”, pela colunista Bela Megale, no último dia 18, cogitou a hipótese de que a cadeira de Sergio Moro – em processo de cassação de mandato – poderá ser disputada por três mulheres: Michelle Bolsonaro, Rosangela Moro e Gleisi Hoffmann.

Segundo a jornalista, um dos principais entusiastas da candidatura de Michelle hoje é Jair Bolsonaro. “A leitura que o ex-presidente tem feito a aliados é que um mandato de senadora ajudaria a proteger Michelle de investigações que o envolvem e que atingem a ex-primeira-dama”, segundo o relatou o jornalão.

Se decidirem concorrer, tanto Michelle quanto Rosangela terão que transferir seu domicílio eleitoral para o Paraná. Michelle tem domicílio eleitoral no Distrito Federal e Rosangela em São Paulo.

O PT e o PL movem ação para cassar o mandato de Moro e convocar novas eleições. O caso está sendo julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná e depois será decidido no TSE.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

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