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Arno Kunzler

Igrejas x política

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Muitas igrejas no Brasil, especialmente as evangélicas pentecostais, assumem posições políticas claras.

Talvez o envolvimento de pastores dirigentes dessas igrejas na campanha de Jair Bolsonaro em 2018 tenha despertado discussões mais acentuadas também dentro das igrejas tradicionais, como as luteranas e a católica.

Dia 12 de outubro vivenciamos uma forte discussão envolvendo as diferentes tendências do catolicismo.

Enquanto os eclesiásticos que formam o clero mais à esquerda consideraram a presença de Jair Bolsonaro na Basílica de Nossa Senhora de Aparecida um ato de oportunismo político, os fervorosos defensores do presidente não deixaram por menos, passando a desferir acusações contra o esquerdismo católico.

Não há mais como esconder as diferenças de pensamento que estão visíveis em quase todas as comunidades católicas.

O pensamento conservador que sempre discordou da pregação de muitos religiosos, mas convivia com eles em harmonia em nome da unidade da igreja, agora está mais arredio.

Se no passado recente Lula foi capaz de gerar divisões dentro do catolicismo, agora quem compra as dores do seu líder são os bolsonaristas.

Será que esses pensamentos radicalizados conseguirão superar a política partidária que se instalou entre membros da igreja de forma aberta?

A tendência das discussões mundo afora indica que conservadores e progressistas, quando o assunto é religião, têm pouco espaço para negociação.

É uma questão de valores; são temas inegociáveis.

A unidade tantas vezes pregada pelo papa e pelos bispos estaria ameaçada por divisões políticas?

Afinal, os padres e pastores podem ou não podem falar de política, ter opinião própria e pedir votos para um ou outro candidato, ainda que sejam apenas indicações subjetivas?

Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul

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