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Editorial

A velha novela de sempre

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Ao contrário do ano passado, finalizamos março com “bons números” relacionados à Covid-19. Quer dizer, números menos expressivos do que o trágico março de 2021, período considerado auge da pandemia, quando o sistema de saúde colapsou.

Um balanço divulgado ontem (04) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) mostra que os casos confirmados de coronavírus caíram 82,6% no Paraná no último mês. Os dados compilados (53,5 mil diagnósticos) são os menores desde o início do ano e contrastam com os registros de fevereiro (308,3 mil casos).

O número de óbitos também teve uma queda significativa: 273 municípios paranaenses (cerca de 68,4%) não registraram mortes em março.

Com a diminuição na taxa de infecção pela doença, o número de internamentos também tem reduzido consideravelmente no Estado.

Ainda, o mês de março também foi marcado pelo aumento no número de segundas doses (D2) do imunizante contra a Covid-19. Atualmente, o Paraná é o 6º Estado que mais vacinou em números absolutos no país e o 5º em aplicações de D2 e dose única.

É um balanço que nos aponta um cenário mais tranquilo e traz um alívio diante de tudo o que já vivemos na pandemia. A liberação do uso de máscaras, entre outras flexibilizações, nos dá a sensação de que, aos poucos, a vida está voltando ao normal.

Tão ao normal, por sinal, que já estamos diante de um novo desafio: a dengue.

Por muito tempo só pensamos no coronavírus, tanto que uma recente pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e pela biofarmacêutica Takeda aponta que 31% dos brasileiros acreditam que a dengue deixou de existir durante a pandemia. Essa percepção, no entanto, contrasta com os dados do Ministério da Saúde, que apontou crescimento de 43,5% no número de casos de dengue, considerando-se as seis primeiras semanas deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado.

No Paraná, a cada informe semanal da Sesa novos casos de dengue e inclusive mortes são divulgados.

Na região Oeste, os números voltaram a preocupar. Nova Santa Rosa e Santa Helena têm o maior número de casos e suspeitas da doença, segundo a 20ª Regional de Saúde. Somente em Nova Santa Rosa são 549 casos confirmados.

Em Marechal Cândido Rondon vira e mexe você tem algum parente acometido pela dengue ou sabe de algum conhecido que está enfermo por causa da doença. Contudo, nem todos procuram atendimento médico, ficam em casa de repouso e só. Por isso, os números oficiais de casos confirmados nunca são legítimos. Há muita gente que está doente ou teve a doença, mas não terá seu caso computado pelo Estado porque não se dirigiu a um hospital ou unidade de saúde. Ou seja, os números, quase sempre, são bem maiores que os divulgados.

A questão é que mais uma vez as autoridades sanitárias e lideranças municipais pedem a colaboração da comunidade, porque eliminar os focos do mosquito transmissor da doença não é só trabalho das agentes da prefeitura. É um trabalho que precisa contar com a participação de todos.

É a velha novela de sempre.

O fato de muita gente ter esquecido o Aedes aegypti durante a pandemia pode ter levado ao relaxamento das ações de controle e de prevenção, aumentando o risco de se contrair a doença, cenário que temos agora na região.

Não é hora de relaxar. Agora que estamos respirando um pouco mais aliviados com os números amenos da pandemia, não queremos uma epidemia de dengue para nos tirar o sono mais uma vez.

A receita é simples, não tem segredo. Cada um precisa fazer a sua parte e se manter vigilante para evitar a proliferação do mosquito.

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