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Editorial

Admitir o problema

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O crack é sem sombra de dúvidas uma das mais devastadoras drogas consumidas em massa por todo o planeta. Seu poder viciante tão potente quanto sua capacidade de destruição física e mental joga o usuário a um mundo cercado de lixo, escuridão, medo, angústia e dor. Com uma rapidez impressionante, transforma indivíduos sadios em zumbis moribundos, obstinados a uma única coisa na vida: fumar a próxima pedra.

A epidemia desta nefasta e lutuosa droga não está exclusivamente concentrada nas grandes cidades do país. No Paraná, 93 municípios, entre eles Marechal Cândido Rondon, apresentam alto índice de problemas relacionados com o entorpecente. Mesmo pouco aparente e por vezes sujeito a interpretações levianas, a onda do crack é um sério problema também em solo rondonense.

Os becos e a escuridão da noite escondem os usuários dos olhos da maioria, que não percebe a impiedosa história que se descortina mais nitidamente apenas para os atentos e para entidades como polícia e centros de apoio a dependentes. Famílias inteiras degradadas, vida social em risco e saúde debilitada são somente algumas consequências devastadoras que o crack oferece com maestria a seu dependente.

Mais que apenas afetar indivíduos, o crack afeta a sociedade, com prejuízos milionários em várias frentes. A Cracolândia em São Paulo – que só mudou de endereço – mostra com nitidez o tamanho do estrago que essa droga causa. O crack adoece os indivíduos, apodrece o ambiente, desvaloriza regiões, incita com frequência a prostituição e consequente transmissão de doenças, amplifica os furtos e roubos cometidos por usuários em constante aflição, cerca e priva por todos os lados.

O crack é um problema das ordens de saúde e segurança pública, enraizado não só nas famílias pobres e emocionalmente desestruturadas, mas também em grupos ou indivíduos bem informados e que gozam de carreiras de sucesso e status social. Atinge o pobre e o rico, o indígena e o pinguço, o estudante e o advogado, sem distinguir suas vítimas, sem remorso de qualquer natureza.

O combate a esse imenso mal precisa ser intensificado. Juntas, as forças policiais, seja em Marechal Cândido Rondon, Curitiba, nas cercanias de Brasília ou no agreste, precisam inibir cada vez mais essa crescente onda de destruição que acomete a sociedade brasileira. Evitar que mais pessoas entrem para esse mundo quase sempre sem volta é um dever de toda a sociedade, que precisa falar mais sobre os problemas que tem ao invés de apenas escondê-los ou fingir que não existem. Tratar com eficiência os dependentes é dever do Estado, que precisa agir com punho cerrado para reinserir esses indivíduos à realidade. O braço forte precisa ser contra o tráfico.

O crack é sem sobra de dúvidas uma droga perversa, que destrói pelas beiradas, como praga na lavoura, adoecendo não só os viciados, mas toda a sociedade a seu redor. É preciso abrir os olhos para este sério problema, mesmo que ele esteja escondido em cidades aparentemente fora de suspeitas, como Marechal Cândido Rondon. Seja para o usuário largar o vício ou para a sociedade combater tal problema, o primeiro passo é um só: admitir o problema.

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