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Editorial

Quantos alertas

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O ano passado foi o quinto mais quente já registrado, com os níveis de gases aquecedores do planeta, como o dióxido de carbono e o metano, alcançando patamares recordes, afirmaram cientistas da União Europeia (UE).

O Serviço Copérnico de Mudanças Climáticas da UE informou, em relatório divulgado ontem (10), que os últimos sete anos foram os mais quentes do planeta, conforme registros que datam de 1850.

Uma brutal onda de calor de temperatura extremamente elevada e por período prolongado vai atingir o Centro da América do Sul na segunda semana de janeiro. São esperadas marcas extremas em grande parte da Argentina, no Uruguai e no Sul do Brasil e do Paraguai.

Recordes de máximas de décadas devem cair nos territórios uruguaio e argentino, que devem sofrer o pior da onda de calor, mas marcas históricas também podem ser alcançadas no Rio Grande do Sul.

Todos os modelos numéricos de previsão do tempo convergem em indicar um evento de calor com força incomum, com valores de temperatura muitíssimo acima da climatologia normal do mês de janeiro.

Estamos nos acostumando a acompanhar notícias como estas acima. Vira e mexe relatórios são divulgados, alertas são dados.

É calor recorde, marcas históricas, eventos incomuns…

O que isso quer dizer?

Que é preciso limitar o aumento das temperaturas globais para evitar os piores impactos do aquecimento global. Para isso, é necessário que as emissões de gases aquecedores sejam cortadas pela metade até 2030, mas até agora elas só aumentaram.

Infelizmente, essas emissões alteram o clima do planeta e a tendência de aquecimento em longo prazo continua.

As chuvas intensas que atingem o Brasil desde dezembro já causaram dezenas de mortes, deixaram milhares de pessoas desabrigadas e desalojadas, além de muitos feridos.

Em contraste, a seca generalizada no Sul do país só fez prejuízos, e não foram poucos, nos últimos anos. Em 2021, em especial, as chuvas sem-fim de janeiro trouxeram tristeza para muitos que não conseguiram colher a já sofrida safra plantada em meio à estiagem de 2020; depois, no meio do ano, as fortes geadas de um inverno rigoroso que não tínhamos há anos acabou com a safrinha. Mais uma vez, a aposta foi na safra de verão, que definhou, ou melhor, cozinhou literalmente com as altas temperaturas registradas desde novembro, aliadas à falta de chuva. A safra dessa vez não foi só sofrida, mas perdida. Os prejuízos generalizados.

Sustos, estragos, deslizamentos, transbordamento de dique, alerta sobre rompimento de barragem, safras perdidas, decretação de situação de emergência…

Mais uma vez, são as notícias que temos acompanhado.

Chuvas que deixam centenas de mortos e milhares de desabrigados em diversos Estados brasileiros, temperaturas que não condizem com a estação do ano, a queda da rocha que vitimou dez pessoas em Capitólio (MG). Todas essas tragédias são decorrentes de mudanças climáticas, que só crescem no Brasil.

É notório que os desastres naturais estão aumentando significativamente.

Esses eventos são um forte lembrete da necessidade urgente de mudança de vida, da tomada de decisivas e eficientes ações em direção a uma sociedade sustentável.

Se as mudanças estão acontecendo, não basta pensar em alternativas para contê-las, mas também em planos estratégicos que adaptem as populações a elas.

É necessário uma defesa civil mais estruturada, é fundamental cidades com infraestruturas melhor preparadas. É importante mapear as áreas de risco.

É preciso buscar meios de melhor proteger as populações, e reduzir as emissões de carbono para minimizar os efeitos do clima que tanto afetam a agricultura e respingam no agronegócio como um todo, bem como nas condições de vidas das pessoas, que estão pagando, ultimamente e literalmente, um preço alto para (sobre)viver, diante de um custo de vida que não sai das alturas.

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