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Pitoco O voo mais alto do Nelson

Empresário cascavelense adquire patrimônio cultural e turístico no coração de Foz do Iguaçu

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Edifício é símbolo do boom hoteleiro da fronteira

Já foi mais comum, antes da popularização do GPS no celular, alguém parar o carro em Foz do Iguaçu, baixar o vidro na maçaneta, e perguntar por determinado endereço. Quando o destino era o coração da cidade, a resposta invariavelmente viria assim: rua tal, perto do hotel Salvatti.

O Hotel Salvatti foi precursor na verticalização da cidade de Foz do Iguaçu, na primeira metade dos anos 1970. E sua referência era tão marcante, que a ajuda ao turista perdido remetia para o prédio da família de mesmo nome, e não à Câmara Municipal ou à prefeitura, que estavam e estão ali, no mesmo espaço, praticamente na mesma quadra.

É esse prédio icônico de 18 andares, que vagava fantasma no imaginário do iguaçuense típico desde a pandemia – quando cerrou as portas de 10 suítes e 117 apartamentos – que agora será revitalizado e entregue “novo” quando dezembro chegar. E sob nova direção: Dirlei e Nelson Padovani.

O cascavelense não é apenas mais um forasteiro na fronteira porosa de três nações. Padovani estava lá, mais de meio século atrás, na condição de loteador e revendedor de máquinas agrícolas Nacional Tratores – New Holland e Padovani Mineração, quando recebeu o convite para a inauguração do Salvatti, obra das famílias Salvatti e Capeletto, inaugurado em 1969, ano em que o sapiens alcançou a lua e Armstrong disse: “um pequeno passo para o homem, um grande salto para humanidade”.

“Me recordo muito bem da inauguração. Aquele ato me fez voltar aos sete anos de idade, sentado ao lado do meu avô Luiz Padovani em Pirapozinho, interior de São Paulo, onde ele tinha um pequeno hotel e me ensinava a rotina de um hoteleiro”, recorda-se o novo dono do hotel Salvatti.

O avô Luiz e seu hotelzinho na vila caipira do interior de São Paulo nunca saíram da memória de Nelson. Assim, no ano de 1978, ele e sócios adquiriram o Querência Hotel, em Cascavel, depois o Hotel do Lago, em Londrina, e em seguida o Plaza, em Medianeira, agora também em reformas para reinauguração ainda este ano.

O Salvatti vem a ser a cereja do bolo. Para revitalizá-lo, a Padovani Turismo e Hotéis, presidida por Dirlei, contratou o mais experiente estúdio de arquitetura e design de Balneário Camboriú, profissionais sem medo de altura, especialistas em arranha céus do litoral catarinense. “Será reabrir e lotar”, entusiasma-se Nelson, um dos grandes loteadores do Brasil, com fazendas voltadas ao agronegócio e revendas de máquinas agrícolas.

VENTOS UIVANTES DE BRASÍLIA

Investir nestes tempos conturbados? Ele diz não temer os ventos uivantes que sopram de Brasília. Sobre a tensão permanente e desestabilizadora causada pela polarização política o ex-deputado diz: “Temos que acreditar no Brasil, apesar da situação controversa na política. Deus disse a Josué: Leve o povo à terra prometida, não vá pela esquerda, nem pela direita, siga em frente”.

E quando Nelson anunciou que seguir em frente implicava em investir no Salvatti, qual foi a reação da esposa Dirlei? “Inicialmente ela relutou, é muito pé no chão. Depois dialogamos, como sempre fazemos, a Dirlei entendeu e assinou o contrato”, complementa.

Ao que tudo indica, a presidente do braço hoteleiro do grupo levará ainda outros sustos quando conhecer o projeto completo, “está apenas no campo dos sonhos, por enquanto”, tranquiliza o piloto.

Dirlei, Nelson Padovani e o arquiteto Milton Salvatti assinam a compra do Hotel Salvatti, de Foz do Iguaçu. No detalhe, o prédio icônico da fronteira, que agora será inteiramente revitalizado

Piloto? Sim. Sempre com pressa, Nelson, às vezes, pilota seu próprio avião, logicamente ladeado pelos seus comandantes.

Em um desses voos, em 1975, ele ficou sem combustível e fez um pouso forçado em um antigo e abandonado aeroporto de Jacarezinho. “Eu estava com o Hermes Kucinski e meu sogro, Arlindo Carelli; depois do susto, tudo terminou bem”, relata.

De onde vem a energia para tocar tantos negócios simultaneamente? O próprio responde: “Vem do guaraná de Cuiabá, depois lhe envio uma amostra grátis”, diz Nelson Padovani, encerrando a entrevista diferente daquele voo de 1975, ou seja, com muito combustível ainda para queimar.

Hotel das estrelas

O Salvatti já foi o maior e mais moderno hotel de Foz do Iguaçu. Teve o primeiro mega-cinema, com incríveis 1,2 mil lugares e hospedou celebridades de sua época áurea, como o “rei” Roberto Carlos.

O empreendedor Santo Salvatti faleceu aos 79 anos, vítima de uma parada cardíaca por consequência da Covid-19, em janeiro 2021.

Nascido em Concórdia, Santa Catarina, em novembro de 1941, o empreendedor chegou à fronteira em 1962 para trabalhar, numa empresa da família, com exportação de madeira para a Argentina.

Paralelamente ao trabalho na empresa familiar, o jovem adquiriu, como negócio particular, a hoje extinta Churrascaria dos Pampas, localizada na Rua Almirante Barroso.

A sua ideia era também abrir um hotel. Para viabilizar o negócio, vendeu a churrascaria e, em 1974, inaugurou o Hotel Salvatti, que pertencia à família Salvatti – no qual funcionou o cinema gigante e a primeira discoteca da cidade. Estabelecimento padrão quatro estrelas, sediou o primeiro escritório de Itaipu e recebeu vários hóspedes célebres.

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Enio vai fazer política

Diretor-geral de Itaipu amassou barro na periferia de Cascavel; conexões buscam energizar candidatura petista ao paço

O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Enio Verri, esteve na periferia Sul de Cascavel no último fim de semana. Ele foi o principal orador de um encontro organizado pelo PT local com lideranças da região e ativistas do MST na chácara do ex-vereador Nestor Dalmina. Verri, certamente, tinha convites no fim de semana para lugares mais sofisticados que a despojada chácara do Dalmina, talvez até agendas internacionais que oferecem hotéis de luxo, passeios incríveis e restaurantes finos.

Mas lá estava ele com o pé no barro, já que São Pedro trabalhou bem na manhã de sábado (27). O diretor de Itaipu emitia sinais com o gesto: a diretoria petista da hidrelétrica vai fazer política, diferente dos milicos que habitavam a barragem ano passado.

O número dois na hierarquia da usina também se fez presente: Carlos Carboni, fundador do PT no Sudoeste do Paraná, diretor da pasta de Coordenação, a mais aquinhoada financeiramente, de onde brotaram programas transversais como o “Cultivando Água Boa”. Verri e Carboni já colocaram as eleições municipais na agenda. Mantiveram contatos com pré-candidatos de uma frente de centro-esquerda que está se formando em Cascavel, incluindo PT, PDT e PSB.

O “mercado eleitoral” estima que o candidato do PT, seja ele o indigenista Paulo Porto, seja o advogado Ernani Pudell, fará entre 15% e 20% dos votos aqui.

Com esse desempenho, pode levar a sigla ao turno seguinte, ou, com o apoio, ser determinante no segundo tempo do jogo.

Deputado Professor Lemos, observado por Enio Verri, discursa na periferia Sul: energizado pela diretoria de Itaipu, o Partido dos Trabalhadores busca reconstruir seu protagonismo político em Cascavel

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Uma pergunta

Pitoco: Compare os custos operacionais do ônibus elétrico com o convencional a diesel. Marcelo Barella (diretor da Higer para América Latina, que vendeu 15 ônibus elétricos para a Prefeitura de Cascavel):

Um ônibus consome, em média, R$ 25 mil mensais com óleo diesel. Já o elétrico vai gerar um custo de R$ 2,8 mil em energia elétrica no mesmo período. E a diferença não está somente no combustível. O elétrico não usa lubrificantes, óleos, não tem caixa de câmbio, enfim, neste centro de custos de manutenção o elétrico gasta o equivalente a 60% de um ônibus tradicional.

O gigante cava…


O maior prédio de Cascavel prepara suas contenções para suportar os 41 andares da torre corporativa que terá uma irmã residencial com três andares a menos na região do Centro Cívico.

A imagem aérea mostra o estágio atual do Square Live Center, ao lado do JL Shopping, obra que irá descerrar a fita inaugural em 2027.

A foto foi obtida por drone e cada estágio estará filmado em timelapse a partir do prédio vizinho, da Saraiva de Rezende, empresa presente no consórcio que arregimentou meio bilhão de reais para por as torres em pé.

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Ansiolítico para o dono do laboratório

Sempre franco e direto, Luiz Donaduzzi (foto) não foge das perguntas, nem das respostas. Ele foi diagnosticado com quadro severo de ansiedade. Consultado se esse fato, restrito à vida pessoal, poderia vir a público em uma pergunta do jornal, ele assentiu. A resposta do executivo, fundador da Pratti Donaduzzi, segunda maior empregadora privada de Toledo, atrás apenas da Sadia, não passa necessariamente pelas moléculas e sais ali produzidos, os ansiolíticos da caixinha roxa.

O tratamento escolhido por ele inclui refugiar-se do burburinho em sua fazenda em Bonito, município turístico de Mato Grosso, onde tem permanecido a maior parte do tempo.

Pitoco: Que fatores contribuíram para seu quadro de ansiedade?

Luiz Donaduzzi: Nós trabalhamos acima do normal nas últimas décadas. Houve uma exaustão do organismo e os projetos em que estou focado estão me consumindo muita energia. A proposta e, consequentemente, a construção de uma grande universidade com uma metodologia totalmente disruptiva é uma tarefa enorme. Começamos escrever um livro sobre a nossa trajetória e, principalmente, sobre ensino. Também é uma tarefa de peso se pensarmos em um livro que alguém paga para lê-lo. Jamais eu gastaria energia para escrever um livro para servir de calço para a porta! Nesta altura da vida temos duas escolhas: fazer o que realmente importa ou dizer sempre sim e continuar exaurindo a vida. O maior fator de desgaste da saúde é o estresse que leva à ansiedade e outras doenças orgânicas, e eu estou tentando diminuir.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

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