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Pitoco Atenção gigante na Brasil

Fiscalização por radares gera 476 multas por dia em Cascavel

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O “Atenção” rasgado em largos seis metros da Avenida Brasil é “à prova de idiota”

Um alerta de quase seis metros de comprimento pintado em garrafais letras vermelhas desenhando escandalosamente a palavra “Atenção”. A sinalização horizontal das ruas fiscalizadas por radares saiu completamente do padrão em Cascavel e parece ter se tornado “à prova de idiota”.

E a motivação pode ser resgatada 27 anos atrás, lá na segunda metade dos anos 1990, quando o jovem Leonaldo Paranhos da Silva foi eleito vereador para seu primeiro mandato público.

O vereador Paranhos tinha uma bronca insanável em um ponto bem específico da cidade: Avenida Brasil, em frente ao local onde está sendo construído o Catuaí. Ali havia uma terminal de transbordo denominado “Leste” e um pórtico com uma “lombada eletrônica”.

Aquele Paranhos politicamente “pré-histórico”, algo populista e imaturo, queria por que queria arrancar o dispositivo dali, sob o surrado pretexto da “indústria da multa”. A briga com a lombada que protegia velhinhos e crianças, usuários do terminal de transbordo, expostos à irresponsabilidade de alguns condutores, rendeu exposição de mídia.

Paranhos tinha seu próprio veículo de comunicação: uma empresa de outdoor, ferramenta que usava para divulgar seu mandato em fotos gigantes, invariavelmente usando camisas jeans azuis, “copiadas e coladas” de seu ídolo político Roberto Requião.

E o prestígio obtido nesta e outras brigas levou Paranhos de vereador barulhento para o prédio vizinho, eleito vice-prefeito de Edgar Bueno em 2000.

Evolução da espécie

O tempo fez bem para Paranhos. Eleito deputado estadual, a sua bandeira passou a ser saúde pública e combate às drogas. Frequentando hospitais, ele viu o pronto-socorro do HU lotado de atropelados, motociclistas fraturados e toda a desgraça que um trânsito sem fiscalização pode gerar.

No meio do ano passado, Cascavel implementou o maior sistema de fiscalização eletrônica da história, com 48 radares (podendo chegar a 60) e 120 faixas fiscalizadas. E o sistema passou a fiscalizar também a nova regra do jogo: o fim da conversão à esquerda na Avenida Brasil, com a adoção looping de quadra, tudo muito bem sinalizado.

Não foi suficiente: das incríveis 57,2 mil multas aplicadas nos primeiros quatro meses deste ano (476 por dia), 25,5 mil foram por conversão à esquerda, provavelmente um recorde mundial de uma mesma infração. Embora convertido à causa da segurança no trânsito, mesmo que para isso seja preciso visitar a área mais sensível do corpo humano, o bolso, Paranhos deve ter ouvido cobras e lagartos dos infratores contumazes.

Então, decidiu ampliar a sinalização com alertas mastodônticos, colossais. Um dos pontos escandalizados está ali no ponto mais frequente da conversão proibida à esquerda, Avenida Brasil, sentido Leste-Oeste, ao lado da Praça do Migrante, acesso para a Tancredo Neves. A pintura no chão ocupa toda uma faixa e se repete pouco antes de o condutor ser tentado a converter e levar uma autuação do radar.

Embora o número de autuações seja expressivo, a Transitar informa que somente 2% dos condutores que passam pelos radares são multados. E que 84% dos motoristas habilitados em Cascavel não foram autuados. Porém, somente os 25.580 que converteram à esquerda na Brasil, talvez muitos deles moradores de outras cidades ou regiões, geraram uma receita potencial de R$ 4,99 milhões para a Transitar.

O contrato dos “pardais”

Infratores geram superávit nas contas da Transitar e tornam contrato milionário dos “pardais “ cinco vezes menor que receita gerada

Pardais trabalham aos sábados, domingos e feriados. Pardais não cobram “cafezinho” para fazer de conta que não viram a infração, não cobram horas-extras e não apresentam atestado médico.

A licitação para contratar esses trabalhadores incansáveis, pardais providos de olhos de águia, aconteceu em abril de 2022 e foi concorrida, disputada lance a lance por quatro consórcios. A vencedora foi a Fiscal Tecnologia e Automação, consorciada com a Sigma Engenharia, Indústria e Comércio. O valor máximo que a Transittar se propunha pagar para um contrato de 48 meses era de R$ 33 milhões.

A briga fez saltar penas e bicos de pardais no Departamento de Licitações da prefeitura, e trouxe o valor para perto da metade: R$ 17,6 milhões. Pelo contrato, os equipamentos são locados e a manutenção fica a cargo da contratada, que receberá o equivalente a R$ 366 mil mensais.

Aqui fica claro o superávit do município propiciado pelos infratores. Somente um ítem, a conversão à esquerda, pode trazer para os cofres da Transitar R$ 1,25 milhão/mês, mais que o triplo do aluguel dos equipamentos. Se contabilizar aqui todas as multas emitidas, na hipótese que sejam cobradas, arrecada-se seis vezes mais que o pago em locação.

“ATENÇÃO”

Segundo o prefeito Paranhos, no entanto, não é essa a intenção. “Enfatizo que o foco
dos radares não é arrecadar, mas controlar a velocidade, preservar vidas e fazer do
motorista de Cascavel um condutor cada vez mais consciente de que a segurança no trânsito é de responsabilidade de todos. A contribuição do condutor no trânsito não deve ser financeira. O melhor valor é preservar vidas”, enfatiza o prefeito.

Aqui está a diferença entre o vereador Paranhos e o prefeito Paranhos. Essa diferença pode ser medida pelo tamanho do “Atenção” na foto que ilustra a capa desta edição.

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Madrugadas do Beto Lunitti no zap-zap

Pitoco: Como administra as intermináveis demandas das redes sociais?

Beto Lunitti (prefeito de Toledo): Não consigo atender as demandas do Facebook e do Instagram, mas sou muito demandado pelo WhatsApp. Faço questão que as pessoas tenham meu número, é o mesmo desde que surgiu o celular. Adotei o costume de atender as pessoas de madrugada, acordo entre 3 e 4 horas da manhã e respondo todos. Toda mensagem respondo pessoalmente, gosto muito de interagir. São demandas de toda ordem.

Saí de 30 grupos de zap, acompanho apenas dois, mas não me manifesto. Minha postura é: coisa ruim eu não dou bola, não gasto energia com isso. Invisto meu tempo em gratidão, empatia, amor e perdão, é minha fé. Não entro em confusão nas redes, isso é perda de tempo!

Beto: “Não entro em confusão nas redes, é perda de tempo”

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Dino clonou o republicano Renato Silva?

Lógico que não. O ministro da Justiça não invadiria o celular do vice-prefeito de Cascavel, simplesmente pelo fato de o republicano Renato Silva ter votado no Jair. Nada disso. Mas, sim, o golpista que clonou o telefone de Renato essa semana se passou por funcionário do Ministério da Justiça.

“Ele disse que faria uma rápida pesquisa sobre violência nas escolas. Enviou uma mensagem com código e pediu para eu enviar de volta. Foram três minutos de bobeira minha”, relata o vice.

A sequência do golpe é bem conhecida. Contatos de Renato no WhatsApp passaram a receber mensagem pedindo valores de até R$ 9,7 mil. “Ninguém caiu nessa”, garante o vice.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

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