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Que trem é esse?

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O trem fantasma de 1928 partiu, mas não chegou até hoje, esmagou muitos sonhos e fez sangrar o mapa do Oeste do Paraná; Nova Ferroeste é a bola da vez, cercada de ambições mescladas com utopias

“É frango no balaio”. Assim reagiu o coordenador do Plano Estadual Ferroviário do Governo do Paraná, Luiz Henrique Fagundes, quando questionado pelo Pitoco sobre a emissão de licenças ambientais que irão autorizar a Nova Ferroeste e seus 1,5 mil quilômetros de trilhos.

Frango é uma palavra adequada para o caso. Tantos os bichos de penas e bicos como tilápias, carne bovina e suína exportadas a partir do Oeste do Paraná levam até sete dias no trem da Ferroeste para chegar ao Porto de Paranaguá. Talvez alguém de bicicleta pela rodovia 277, partindo depois, chegue antes das composições.

Uma das ambições da Nova Ferroeste é reduzir esse tempo para 24 horas a partir de um novo traçado entre Guarapuava e o litoral, e também recompondo os trilhos entre os Campos Gerais e Cascavel para dar velocidade às locomotivas. Aqui entra a segunda parte da frase de Fagundes: será preciso um balaio de dinheiro.

Além das adequações entre o Porto Seco de Cascavel ao litoral, o projeto também prevê ramais para Foz do Iguaçu, Chapecó (SC) e e Maracaju, no Mato Grosso do Sul. É coisa para quase R$ 40 bilhões, dinheiro indisponível nos cofres da União, muito menos no Palácio Iguaçu.

Assim o Plano Estadual Ferroviário, a mando do governador Ratinho Junior, ofertará ao mercado internacional uma concessão de 99 anos.

Fagundes e o governador já estiveram na Ásia, América do Norte e Europa “vendendo” a Nova Ferroeste. Qual a reação dos “gringos”?

“Haverá know-how europeu na construção, dinheiro de fundos de investimento norte-americanos e até recursos da China”, diz o sempre otimista homem dos balaios de frango.

Ratinho Junior tenta vender a ideia da Nova Ferroeste em Nova York: sem
dinheiro “gringo”, não tem como bancar o negócio

“O TREM VERDE”

Para dimensionar o tamanho do desafio ambiental até o martelo do leilão chegar às mãos de Ratinho Junior na Bolsa de Valores, vale ressaltar: ao todo, o traçado do projeto passa por 66 municípios, 51 no Paraná, oito no Mato Grosso do Sul e sete em Santa Catarina. No trajeto há inúmeras áreas para indenizar, aldeiamentos indígenas, cavernas e até quilombolas. Como se dizia na finada Lava Jato, “puxa-se uma pena, vem um frango inteiro”.

Fagundes garante que o trem é verde e atende toda a plataforma ESG, acrônimo em inglês para “Environmental, Social and Governance“, que em português pode ser traduzido como ambiental, social e governança.

Ele argumenta ainda que a Nova Ferroeste está inclusa entre os 18 projetos mais sustentáveis do mundo, segundo ranking da Coroa Britânica. “Licenciar uma pequena usina hidrelétrica é difícil, imagina 1,3 mil quilômetros”, disse Fagundes no encontro promovido pela Caciopar em Cascavel, no último dia 23 de junho.

“A primeira pergunta do investidor é sobre licença ambiental. Acredito que em quatro meses, entre final de 2023 e início de 2024, tenhamos todas as licenças em mãos”, disse.

(Foto: Alessandro Vieira/Sedest)

Perguntas e respostas a respeito da ferrovia

O QUE É A NOVA FERROESTE?

Ao todo, o traçado do projeto passa por 66 municípios: 51 no Paraná, oito no Mato Grosso do Sul e sete em Santa Catarina. A Nova Ferroeste vai unir por trilhos Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, dois dos principais polos exportadores do agronegócio brasileiro, e se transformar no segundo maior corredor de transporte de grãos e contêineres do País, perdendo em capacidade apenas para a malha paulista. A ferrovia será verde e sustentável.

COMO SERÁ FEITO O LEILÃO DO PROJETO?

A Ferroeste S.A. vai levar a leilão na Bolsa de Valores cinco contratos celebrados com o Ministério da Infraestrutura. O contrato de concessão da década de 1980, que conecta Guarapuava a Dourados (MS) e outros quatro contratos de autorização, de 2021 e 2022, com as seguintes ligações: Dourados a Maracaju, Cascavel a Foz do Iguaçu, Cascavel a Chapecó e Guarapuava a Paranaguá. O projeto contempla a construção de 1.567 quilômetros de trilhos e neste total está sendo considerada a repotencialização do trecho entre Guarapuava e Cascavel, em operação atualmente. Quem vencer o leilão vai executar as obras e explorar o trecho por 99 anos.

QUAL O MODELO JURÍDICO ESCOLHIDO PARA O LEILÃO?

Será feita a cessão onerosa desses contratos, ou seja, os contratos serão transferidos para a iniciativa privada por 99 anos (prazo previsto na legislação). O valor do lance mínimo a ser dado na data do leilão é de R$ 110 milhões. O total obtido será revertido para a atual Ferroeste.

QUANDO SERÁ FEITO O LEILÃO?

O leilão depende da emissão da Licença Prévia Ambiental pleiteada pelo Paraná e em processo de análise pelo Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Já foram feitas sete audiências públicas para discutir a ideia. Elas reuniram cerca de 4 mil participantes. A previsão é colocar na Bolsa de Valores no segundo semestre.

QUANTO DEVE CUSTAR A EXECUÇÃO DA OBRA E A OPERAÇÃO DA FERROVIA? QUEM VAI CONSTRUIR?

O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) prevê o investimento de R$ 35,8 bilhões para a construção e compra de material rodante para os 1.567 quilômetros de trilhos que vão ligar Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.

DEPOIS DO LEILÃO, EM QUANTO TEMPO DEVEM COMEÇAR AS OBRAS?

O início depende da realização do projeto executivo de engenharia pelo empreendedor, quando serão detalhados todos os itens necessários para a obra. Estima-se, em média, dois anos para a conclusão desse estudo. É neste momento que o vencedor do leilão vai solicitar a Licença de Instalação para o órgão licenciador, o Ibama. Após a obtenção, pode começar o trabalho de construção.

QUAL SERÁ O PRIMEIRO TRECHO EXECUTADO?

O edital prevê a realização das obras a partir da região de Paranaguá, até chegar a Guarapuava. Esta ligação é essencial porque vai permitir uma nova descida por trilhos na Serra da Esperança, em Guarapuava, e na Serra do Mar, passando por fora da capital paranaense, seguindo por São José dos Pinhais. Dessa maneira a carga vai poder transitar em maior volume e velocidade, mitigando o impacto nas áreas urbanas de maior concentração. A repotencialização da atual ligação entre Guarapuava e Cascavel completa o trajeto a ser entregue nos primeiros sete anos. Nos três anos seguintes ao início da operação o empreendedor vai apresentar um cronograma de execução dos demais trechos, definindo as prioridades.

QUANTOS EMPREGOS DEVEM SER GERADOS?

O EVTEA aponta para a geração de 375 mil empregos diretos indiretos e pelo efeito renda em seis décadas. O maior volume está concentrado nos primeiros 10 anos.

QUAIS AS PRINCIPAIS VANTAGENS DA EXECUÇÃO DESTE PROJETO?

A Nova Ferroeste aumenta de maneira exponencial a participação do modal ferroviário no Paraná, ligando o Estado ao Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e aproximando os trilhos do Paraguai e da Argentina. Dados do EVTEA indicam a redução do custo logístico em cerca de 28% em comparação com o frete rodoviário. Essa economia gerada vai permitir a prática de preços mais competitivos no comércio exterior e a redução do produto final nas prateleiras do supermercado aqui no Brasil. Também é um projeto pensado dentro da Agenda 2030, de desenvolvimento sustentável. A instalação do modal terá impacto na melhoria da qualidade do ar. A conta simples prevê que um trem com 100 vagões substitui 357 caminhões, ambos com capacidade aproximada de 100 toneladas de carregamento. Outra preocupação é com a redução dos conflitos urbanos. A orientação é para que os trechos da ferrovia evitem cruzar cidades. Em Curitiba, por exemplo, os trilhos serão todos desviados, sem a passagem de trens por cruzamentos que podem gerar acidentes.

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A sereia do Lago

A bela do Cowboy jamais foi vista no Lago, salvo por um ou outro que,
em delírio de paixão, jura ter visto a dançante guria do baile a mergulhar
na água após fugaz aparição em forma de sereia

Reza a lenda, na ausência de uma explicação mais convincente, que o surgimento das capivaras no Lago Municipal de Cascavel tem uma origem mitológica.

Por essa versão lendária dos fatos, uma linda jovem frequentava badalado clube de bailes da cidade que fez muito sucesso nos anos 1990 em Cascavel – ambiente que hoje trocou o “profano” pelo “sagrado” e passou a abrigar templos evangélicos.

Tão bela quanto intocada, a jovem até topava dançar com alguns de seus muitos fãs. Energizada, adentrava madrugadas atraindo olhares apaixonados por suas curvas estonteantes e semblante irretocável.

Quando o “clarear da aurora” – trecho emprestado aqui do clássico “Boate Azul”- se insinuava ali pelo bairro Pioneiros Catarinenses, a moça dava sempre a mesma resposta para os insistentes convites de um novo encontro:

Vá hoje à tarde ao Lago Municipal, encontrarei você lá…

Inúmeros ouviram essa proposta. Muitos foram ao local indicado nas jovens tardes de domingo (Roberto Carlos).

A bela do Cowboy jamais foi vista no Lago, salvo por um ou outro que, em delírio de paixão, jura ter visto a dançante guria do baile a mergulhar na ágia após uma fugaz aparição em forma de sereia.

Ainda segundo a lenda, alguns obcecados ficaram ali horas, dias, absolutamente paralisados, aguardando uma nova aparição da sereia. Acabaram petrificados para em seguida ganhar vida em corpos de capivaras.

Absurdo? De onde vem essa lenda? Quais suas bases científicas? Horas, lendas não têm autoria reconhecida, passam longe do crivo científico, lendas não precisam provar nada para ninguém. Lendas são lendas. E eu, particularmente, não acredito em sereias, mas que elas existem… existem!

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503 CNPJs por mês!

Cascavel criou mais de 18 mil MEIs nos últimos seis anos; somadas às demais empresas formalizadas no período, o número chega a 36,2 mil CNPJs

Nos últimos seis anos, a cidade de Cascavel tem se destacado pelo seu crescente empreendedorismo. Um levantamento mostra que desde 2017, o município registrou a abertura de 18.173 novos Cadastros Nacionais de Pessoa Jurídica (CNPJs) para microempreendedores individuais.

Somando as demais empresas formalizadas no período, o número chega a 36.246 empresas. Esses números revelam o DNA empreendedor do cascavelense e refletem um cenário de expansão empresarial por toda a cidade, inclusive em seus distritos.

A região central concentra a maior parte desses novos microempreendedores, com um total de 4.859 estabelecimentos. No entanto, é possível observar o surgimento a formalização de novos negócios em diversos bairros, mostrando uma expansão empreendedora que abrange todas as regiões de Cascavel.

O bairro Parque São Paulo, por exemplo, ganhou 837 MEIs, seguido pelo bairro Cancelli, com 799 estabelecimentos. Além desses, os bairros Neva, São Cristóvão, Coqueiral, Floresta, Alto Alegre, Canadá, Interlagos e Cascavel Velho também se destacaram, registrando números expressivos de novas empresas ao longo dos últimos seis anos. Novas empresas foram criadas, no entanto, em todos os bairros da cidade.

Segundo o prefeito Leonaldo Paranhos, essa explosão de empreendedorismo em Cascavel pode ser atribuída a uma combinação de fatores. “Os investimentos realizados pelo município em diversos segmentos, como melhorias das vias públicas, abertura de ruas e nova iluminação pública, têm contribuído para criar um ambiente favorável aos negócios”. Além disso, a implementação de medidas de desburocratização do sistema para iniciar um novo empreendimento tem impulsionado o cenário empreendedor na cidade, de acordo com o prefeito.

APOIO AOS MICRO

No mês passado, para dar apoio aos microempreendedores individuais, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico realizou, em parceria com o Sebrae, a Semana do MEI. Durante cinco dias, foram diversos aprendizados voltados ao MEI, nas áreas de Motivação Empresarial, Fluxo de caixa, Marketing Digital, Crédito,Como aumentar vendas e outros.

DESBUROCRATIZAÇÃO

Cascavel tornou-se referência para outros municípios ao aderir e consolidar a RedeSim, um sistema informatizado que simplifica e agiliza o registro e a legalização de empresas e negócios. Esse sistema tem facilitado a vida dos empreendedores, oferecendo ferramentas como o Alvará Fácil Online, Aprova Digital e Habite-Se Online.

“Eu costumo dizer que Cascavel tem o empreendedorismo em seu DNA e o poder público tem a obrigação de facilitar a vida daqueles que pretendem investir, criar oportunidades, gerar emprego e renda. Todos ganham com isso. São iniciativas como essa, e a garra da nossa população, que fazem com que Cascavel seja um exemplo de agilidade, eficiência na desburocratização e no incentivo ao empreendedorismo”, destaca Paranhos.

Cascavel: empreendedorismo no DNA

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

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