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Tarcísio Vanderlinde

A maior descoberta dos tempos modernos

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Sempre haverá algo novo a se destacar sobre a maior descoberta arqueológica dos tempos modernos. Trata-se da coletânea de manuscritos mais conhecida como “Pergaminhos do Mar Morto”.

Descobertos acidentalmente por pastores em 1947, os pergaminhos foram encontrados em 11 cavernas do deserto da Judeia ao longo da costa Noroeste do Mar Morto, hoje território da Cisjordânia.

A região árida que fica cerca de 20 quilômetros a Leste de Jerusalém e a 430 metros abaixo do nível do Mar Mediterrâneo agregou, ao longo de dois milênios, as condições ideais para a preservação do material encontrado.

O acesso ao local da descoberta é tranquilo. No ambiente localizam-se também as ruínas de Qumran, vestígios remanescentes da comunidade essênia que ali existia. Como bônus, a excelente vista do Mar Morto que se tem do sítio.

Os manuscritos são compostos por mais de 800 rolos distintos representados por milhares de fragmentos. Os textos foram escritos em peles de animais especialmente preparadas para a finalidade e em papiros. Encontrou-se um texto impresso em rolo de cobre.

Localizaram-se fragmentos de todos os livros do Antigo Testamento, menos o de Ester, que pode ter sido totalmente deteriorado. O pergaminho do livro de Isaías estava praticamente intacto e é pelo menos mil anos mais antigo do que qualquer cópia do livro de Isaías até então conhecida.

Além dos manuscritos bíblicos, encontraram-se comentários sobre o cânone hebraico, paráfrases que se expandem na Torá, normas e regulamentos comunitários, regras de guerra, salmos não-canônicos, hinos e sermões. Alguns textos estavam escritos em grego, mas a maioria em hebraico e aramaico.

Atribui-se aos essênios, comunidade ascética que habitava o local, a produção e a ocultação dos manuscritos em cavernas por ocasião do avanço do exército romano na primeira revolta judaica (66-70 d.C.).

Com base em vários métodos de datação, incluindo-se o por carbono 14, acredita-se que os pergaminhos foram escritos durante um período que vai de 200 a.C. a 68 d.C..

Os manuscritos têm fornecido provas contundentes das escrituras bíblicas. O Grande Rolo de Isaías se identifica com a versão concluída pelos sábios massoretas (exegetas judaicos) alguns séculos após o diligente trabalho realizado pelos escribas essênios em Qumran.

Mais de 200 fragmentos dos manuscritos estão guardados no Museu do Livro, em Jerusalém, sendo que o único pergaminho exibido é o “Grande Rolo de Isaías”, que coincide com o texto bíblico historicamente atribuído ao profeta e que continua na atualidade sendo traduzido e impresso em diferentes idiomas. (Ref. allaboutarchaeology).

Sítio de Qumran junto às cavernas onde se encontraram os pergaminhos. Ao fundo, o Mar Morto (Foto do autor)

Por Tarcísio Vanderlinde. Ele é professor sênior da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

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