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Tarcísio Vanderlinde

Enigma decodificado

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Novas tecnologias monitoradas por satélites parecem indicar que as construções monumentais das pirâmides do Egito se originaram em condições naturais e humanas aparentemente normais. Com isso, ficam descartadas especulações de que as edificações resultaram de algum ato sobrenatural ou da inserção de alguma civilização alienígena.

O enigma, que parece ter sido definitivamente decodificado, não se refere apenas às três pirâmides de Gizé, que costumam aparecer nos cartões postais, mas se relaciona a mais de uma centena de outras pirâmides ao longo do rio Nilo, rio histórico considerado vital para o desenvolvimento da civilização egípcia.

As imagens de satélite localizaram um ramo extinto do rio Nilo, o “Rama Ahramat”, que em árabe significa “caminho das pirâmides”. O ramo se estendia por cerca de 100 quilômetros, coincidindo com a localização das edificações milenares. Concluiu-se que o canal teria servido para transportar materiais para a construção das pirâmides, bem como para o deslocamento da mão de obra necessária.

Segundo os pesquisadores envolvidos, a existência da via fluvial extinta já havia sido confirmada há algum tempo, mas ninguém sabia exatamente onde ficava. O conglomerado de pirâmides ao longo da margem desértica ocidental da planície aluvial do Nilo era uma indicação de que um grande curso de água poderia ter existido ali no passado.

Embora ainda seja necessário apurar quanto tempo poderia ter durado o braço extinto do rio, a determinação precisa da sua localização fornece argumentos que sustentam a teoria de que as pirâmides foram criadas por trabalho árduo – possivelmente escravo – e um sistema complexo de navegação fluvial. A delimitação mais precisa do Rama Ahramat pode levar ainda a outras descobertas inéditas no deserto egípcio.

A pesquisa revelou que o Rama Ahramat atravessa 38 locais diferentes com pirâmides, e era alimentado por numerosos afluentes, o que evidencia um antigo sistema de transporte aquático complexo e eficiente. Mudanças climáticas vividas na região ao longo de milênios acabaram enterrando o canal fundamental na construção dos monumentos.

Acredita-se que Quéops, a Grande Pirâmide de Gizé, tenha sido edificada aproximadamente 2.500 anos a.C.. É, portanto, de um período anterior à escravidão do povo hebreu no Egito. Quando a Sagrada Família teve que se refugiar no Egito por ocasião do nascimento de Jesus, a pirâmide já tinha pelo menos 2.500 anos.

Quéops é a mais antiga e a maior das três pirâmides na necrópole de Gizé, hoje periferia do Cairo. Ela é composta por 2,3 milhões de blocos de calcário pesando aproximadamente 2.500 quilos cada. Embora ainda não haja consenso de como os trabalhadores empilharam cada bloco ao longo dos seus 145 metros de altura, pelo menos se tem agora uma hipótese plausível de como os blocos chegaram até o local.

Detalhe dos blocos de calcário na pirâmide de Quéops (foto do autor)

Por Tarcísio Vanderlinde. O autor pesquisa sobre povos e culturas do Oriente Médio.

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