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Tarcísio Vanderlinde

Surgiu da dispersão

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Segundo estudiosos, a sinagoga passou a existir durante a primeira grande dispersão do judeus e destruição do templo, por volta do ano 600 a. C.. O termo “sinagoga”, expressão de origem grega, indica um lugar de reunião para serviços religiosos do judaísmo, mas existem outras expressões culturais que se referem à habitação.

A evidência arqueológica mais antiga de sinagogas decorre de inscrições gregas descobertas no Egito, e foram datadas do século III a. C.. No início do século XX, descobriu-se inscrições em Jerusalém que descreviam as funções essenciais de uma sinagoga do primeiro século. A inscrição de Teódoto, como é conhecido o achado, menciona Teódoto, filho e neto de sacerdote e chefe da sinagoga que construiu o prédio “para leitura da Torá e o ensino dos mandamentos”.

As sinagogas antigas eram lugares de encontro de comunidades judaicas locais. Exerceu um lugar complementar ao do templo, proporcionando um tributo aos serviços locais da palavra e da oração, bem como um fórum para assembleias, estudo, hospitalidade e até mesmo tribunais religiosos comunitários. As sinagogas aparecem mencionadas numa ampla variedade de obras literárias judaicas.

Por ocasião da destruição do templo no ano 70 d.C., havia cerca de 480 sinagogas em Jerusalém. A informação nos chega de fontes talmúdicas e dos escritos de Flávio Josefo.

Na obra “Contra Ápio”, Flávio Josefo considera a leitura pública e o aprendizado da Torá o elemento essencial do serviço semanal da sinagoga, prática que ele entendia ter sido ordenada por Moisés.

O fato de a sinagoga ser considerada um lugar de ensino aparece nos textos do Novo Testamento e apresenta diversos exemplos de leitura e de ensino das Escrituras feitas por Jesus neste lugar: “E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino…”.

O estilo arquitetônico das sinagogas antigas variava consideravelmente, sendo que reuniões também podiam acontecer em casas particulares. Símbolos judaicos como a menorá, o shofar e um nicho para Torá costumavam ser elementos visíveis que identificavam a finalidade do local.

Historicamente, as sinagogas eram geralmente construídas direcionadas a Jerusalém em áreas próximas de rios e outros acúmulos de água, de modo que fosse possível o banho ritual exigido daqueles que participavam do serviço.

As ruínas da sinagoga de Cafarnaum, localizada às margens do mar da Galileia, ponto de visita obrigatório aos peregrinos que visitam a Terra Santa, podem ser consideradas um exemplo dessa localização e disposição geográfica.

Sinagoga de Cafarnaum às margens do Mar da Galileia (foto do autor)

Por Tarcísio Vanderlinde. O autor pesquisa sobre povos e culturas do Oriente Médio.

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