De família desconhecida

Eusébio de Cesareia (270-336 A.D.) é considerado o pai da história eclesiástica, apesar das controvérsias religiosas nas quais se envolveu. Suas publicações são aceitas por críticos como fontes indispensáveis sobre a história do cristianismo nos três primeiros séculos de existência da igreja.

Não se sabe ao certo onde ele nasceu. Sabe-se, porém, que a maior parte de sua vida se passou na cidade de Cesareia, à época centro romano administrativo da Palestina.

Sua presença marcante na cidade contribuiu para adotar o nome da cidade como seu sobrenome. Passou para a história como Eusébio de Cesareia. Sua família é desconhecida, mas certamente professava a fé cristã.

Por volta de 313, Eusébio passou à condição de bispo na igreja de Cesareia.

Sua vida está intimamente relacionada às disputas entre as concepções cristãs consideradas heréticas em sua época. Por outro lado, parece ter tido intimidade com o poder, uma vez que foi contemporâneo, amigo e biógrafo de Constantino, aquele que oficializaria o cristianismo no Império Romano.

Os escritos de Cesareia sobre Constantino demonstram uma aparente exaltação ao imperador, o que se justifica pelo fato de este ter abrandado um histórico de perseguições aos cristãos. Há decididamente uma outra história do cristianismo após Constantino.

A formação teológica de Eusébio se baseou no estudo da obra de Orígenes, outro importante teólogo cristão que viveu em Alexandria num período anterior à atuação do teólogo de Cesareia.

Nos debates contra o arianismo, doutrina que se baseava essencialmente no princípio de negação da divindade de Cristo, Eusébio é acusado de ter uma posição ambígua que objetivava manter unificada a indefinição dogmática dos primeiros pais da Igreja.

Para a dogmática posterior, o teólogo é considerado suspeito de ser um semi-ariano, o que pode ter sido causa do rápido desaparecimento de muitos dos seus escritos.

Sua obra se constitui de livros históricos, apologéticos, de exegese bíblica e doutrinários. Calcula-se que tenha escrito mais de 120 volumes, a maioria dos quais perdidos, sendo alguns conhecidos apenas por citações.

Eusébio tratou de todos os temas e personalidades ligados à Igreja depois do período apostólico até a época que atuou como bispo. Citou e comentou mais de duas centenas de obras de autores que de outra maneira estariam perdidos, e que são conhecidos apenas pelos seus textos.

Algumas questões discutidas por Cesareia são instigantes e dotadas de uma inesperada informação. É o caso, por exemplo, da curiosa troca de cartas entre o rei de Edessa e Jesus, assunto que não aparece nas narrativas bíblicas e que merece ser tratado em artigo oportuno.

Por Tarcísio Vanderlinde. Ele é professor sênior da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com