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Tarcísio Vanderlinde

Não foi bem recebido

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Monte do Precipício, segundo a tradição, o lugar onde tentaram jogar Jesus num penhasco. Em segundo plano a cidade de Nazaré nos dias atuais (Foto do autor)

“Um ramo surgirá do tronco de Jessé, e de suas raízes brotará um renovo. O Espírito do Senhor repousará sobre ele, o Espírito que dá sabedoria e entendimento, o Espírito que dá conhecimento e temor do Senhor”. Não é preciso grande esforço para concluir que o profeta Isaías estava falando de Jesus, o Messias, o cumprimento final da promessa.

Na época em que Jesus nasceu, a descendência de Davi (filho de Jessé) era insignificante. Contudo, ainda mantinha-se a esperança de que algum deles seria o Messias. Por volta do século I a. C., a Galileia seria recolonizada por judeus. Acredita-se que os descendentes de Jessé tenham migrado de Belém para a Galileia fundando um povoado que denominaram Nazaré.

O historiador Flavio Josefo ignora a cidade de Nazaré em seus escritos. A cidade era conhecida, mas não era considerada relevante. É famosa a frase do discípulo Natanael registrada por João, referindo-se a Jesus: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa”?

Os textos do Novo Testamento relatam pouca coisa sobre a vida de Jesus em Nazaré, antes que ele iniciasse seu ministério público. Também não se sabe claramente quanto tempo ele atuou em Nazaré antes de mudar-se para Cafarnaum às margens do Mar da Galileia. O fato é que levou consigo o codinome de “Nazareno” por onde andou.

Lucas relata que certa ocasião Jesus retornou a Nazaré, mas acabou tornando-se persona non grata por ter falado coisas que os “homens de bem” daquela aldeia não apreciaram. Eles já conheciam a fama de Jesus, e na sinagoga lhe entregaram o livro de Isaías, do qual destacou e leu o seguinte trecho:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar as boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor”.

A situação ficou tensa quando Jesus falou que naquele dia havia se cumprido a escritura que acabara de ler. Parecia que ele tinha ido além dos limites para alguém que já era muito conhecido no lugar. Afinal, não era ele o filho do carpinteiro José?

Quando ficou claro que ele não faria ali as maravilhas que fizera em Cafarnaum, o expulsaram da cidade e o ameaçaram jogar num penhasco. Não deu certo. Lucas escreve que “Jesus passou por entre eles e retirou-se”.

A rejeição de seus compatriotas não impediu que, para nossa sorte, o Nazareno cumprisse plenamente sua missão.

Por Tarcísio Vanderlinde. Ele é professor sênior da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

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