Perdão necessário

A dura lição que a oração do Pai-nosso nos ensina é que para o cristão o perdão é uma obrigação, e não uma opção. A forma leviana como muitas vezes oramos o Pai-nosso costuma encobrir o surpreendente ensino contido na oração.

De acordo com R. T. Kendall, em livro dedicado a problematizar a necessidade do perdão, “somos chamados a não guardar registro algum de ofensas, a nos recusarmos a punir aqueles que nos magoaram, a mostrar misericórdia e a evitar qualquer forma de ressentimento”.

O autor admite que perdoar não é fácil:

“O perdão total é doloroso. Dói quando dizemos adeus à vingança”. E é ao passar um pente-fino na oração do Pai-nosso que o autor avalia a inesperada OBRIGATORIEDADE DO PERDÃO.

Com poucas variações, todas as correntes cristãs ao orarem o Pai-nosso pedem a Deus que “PERDOE nossas ofensas pessoais assim como nós PERDOAMOS os que nos ofenderam”, ou seja: na oração, Deus é liberado para agir conosco da mesma forma como agimos com outras pessoas, sejam elas amigas ou inimigas.

Na oportunidade do ensino da oração Jesus ainda acrescentou um adendo:

“Se PERDOAREM as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também PERDOARÁ vocês. Mas se não PERDOAREM uns aos outros, o Pai celestial NÃO PERDOARÁ as ofensas de vocês” (Mt 6.14).

É isso: à luz da oração do Pai-nosso, o ato de perdoar se caracteriza como atitude compulsória. Oportuna meta a ser atingida para um novo ano, que sucede um outro envelhecido, decrépito, ao mesmo tempo pueril, marcado por ofensas gratuitas entre semelhantes poucas vezes vistas anteriormente.

Tomás de Kempis, um monge cristão que viveu na Idade Média, descobriu em sua jornada mística que da contrição sincera nascia a esperança do perdão, reconciliação da alma perturbada, recuperação da graça perdida… e num “ósculo santo une-se Deus à alma arrependida”.

TENHA UM ABENÇOADO ANO NOVO COM ALMA ALIVIADA: PERDOE!

Por Tarcísio Vanderlinde. Ele é professor sênior da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com