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Arno Kunzler

Não foi desta vez

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O debate promovido pelo pool Band/UOL/Folha/TV Cultura, nos estúdios da Band, na noite de domingo (17), entre Lula e Bolsonaro, não terminou zero a zero.

Ainda que cuidadosamente os candidatos à Presidência da República foram agressivos suficientemente para deixar marcas nas campanhas do adversário, ninguém foi a nocaute. Mas as cordas serviram para evitar várias quedas.

Faltaram as propostas de governo, mas sobraram acusações recíprocas e cinismo de parte a parte.

Lula tentou encaixar alguns golpes para marcar Bolsonaro, chamando-o de mentiroso repetidas vezes.

Também tentou – e foi quando teve momentos de sucesso – carimbar Bolsonaro de negligente com a vacina durante a pandemia e com a educação.

Lula perdeu muito tempo tentando esmagar Bolsonaro por causa do desmatamento da Amazônia, mas neste particular Bolsonaro deu várias respostas.

Quando Lula gastou todo seu tempo, Bolsonaro teve cinco minutos para desfilar seu repertório contra o petista.

Aí, sim, Bolsonaro marcou pontos acusando Lula de corrupto. Disse que Lula só estava candidato por causa de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), cabo eleitoral da Dilma e indicado por ela.

Bolsonaro também conseguiu explicar, talvez não de forma muito convincente, que seu governo fez mais pelos pobres do que Lula.

Acusou Lula de ajudar ditadores de esquerda, como os da Venezuela e Nicarágua, e financiar projetos e esquemas de corrupção para governos de esquerda com dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que deveria financiar obras no Brasil.

Vídeos revelam que ao final Lula estava irritado e com aparência cansada.

Bolsonaro aproveitou para exibir seu novo aliado, Sergio Moro, que fora convidado por ele para acompanhar o debate na plateia.

Ninguém marcou gol de placa, mas o jogo não terminou zero a zero.

Cada um vai entender o seu lado como vencedor, mas ficou nítido que Jair Bolsonaro riu por último.

Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul

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