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Editorial

É melhor “Jair se acostumando”

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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o presidente Jair Bolsonaro travam um pequeno embate nos últimos dias com cutucadas mútuas nos microfones e redes sociais. Bolsonaro enviou a proposta de reforma da Previdência, de militares e civis, e sugeriu que a Casa de Leis é que deve promover a articulação para garantir os votos necessários. Maia, no entanto, entende que a articulação para aprovar a proposta precisa partir do Palácio e que Bolsonaro não está cumprindo esse papel. O namoro foi abalado.

Fato é que Rodrigo Maia, a exemplo de tantos outros velhos políticos da velha política, possivelmente quer algo em troca dos votos a favor da reforma proposta pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes. É a farra do toma lá, dá cá. A história mostra que o Congresso funciona assim. Não tem nada de altruísmo nos porões de Brasília, pelo contrário, há muitos interesses e interessados que não são as necessidades dos brasileiros.

Bolsonaro, no entanto e desde sua campanha, parece não estar disposto a negociar, parece não querer mais esse sistema de troca de favores. Ou seja: não quer mais comprar apoio, quer que os deputados votem de acordo com a urgente necessidade que a aprovação da reforma tem, sem ter que distribuir agradinhos àqueles favoráveis à proposta.

Contudo, usando um bordão que os bolsonaristas criaram na campanha, é melhor Bolsonaro “Jair se acostumando” porque negociar é preciso. Ninguém disse que seria fácil ter apoio do Congresso, que, em tese, está ali para fiscalizar as ações do governo federal, não para dar colher de chá. Certamente Bolsonaro sabe que negociar é preciso, mas não está exercendo papel de negociador. Pelo contrário, até então está jogando a proposta da Previdência no colo de Maia e esperando que o deputado angarie os votos pensando exclusivamente em dar mais saúde à economia brasileira e garantir aposentadoria às futuras gerações. Doce ilusão.

O que vai definir o sucesso ou não da retomada da economia é a aprovação desses projetos. Caso não ocorra, seria um desastre incomensurável. O Brasil precisa dessa reforma para voltar aos trilhos, mas antes mesmo de ser apreciada pelo Congresso já está causando divergências entre as duas partes. E esse embate de ideias, senhores, possivelmente vai ocorrer ao longo dos quatro anos, independente de esse ou aquele projeto ser ou não ser importante para o Brasil. Deputados não pensam assim. Eles sempre querem algo em troca do seu voto.

É melhor Bolsonaro “Jair se acostumando” a ceder, a negociar mais, a ser mais acessível, caso contrário os grandes projetos enviados ao Congresso, mesmo importantes, podem não receber o apoio necessário. É melhor Maia “Jair se acostumando” com o fato de que o toma lá dá cá não é mais uma regra, ao menos no momento. Por enquanto, são só algumas palavras – ou a falta delas -, o que se espera é que não evoluam para uma tragédia.

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