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Tarcísio Vanderlinde

Curas gratuitas

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A pandemia gerada pelo coronavírus mostrou, entre outros assuntos, como os países da atualidade estão preparados para enfrentar problemas desse tipo. Por conta da “preservação do modelo econômico”, nem sempre países considerados mais desenvolvidos se mostraram mais eficientes para enfrentar a situação. Por aqui, aprendeu-se a valorizar o SUS mais do que nunca!

Na antiguidade haviam médicos, mas eram poucos em número, caros, limitados em conhecimento, embora instruídos no seu tempo, ainda bastante ignorantes e supersticiosos. Conhecemos Lucas, muito mais pelo que escreveu do que pelas suas habilidades médicas. É de sua autoria um dos evangelhos e de atos dos apóstolos.
Templos dedicados a Asclépio, o deus greco-romano da cura, foram localizados em todo o mundo mediterrâneo. Esses templos se pareciam com os “spas” de hoje, e as terapias consistiam no descanso, massagens e dietas mais do que na medicina como a entendemos atualmente.

A religião também desempenhava seu papel nos processos de cura. Um dos métodos era a “incubação”: o doente dormia nas dependências do templo, na esperança de receber um sonho ou revelação de Asclépio. Os que eram curados traziam oferendas especiais, geralmente uma reprodução esculpida da parte do corpo que fora curado. As dádivas ficavam à mostra como testemunhos do poder curativo daquele deus.

Foi num mundo como esse que Jesus desenvolveu seu ministério de curas. Ao contrário de muitos médicos que mantinham vínculos com os templos, Jesus curou sem cobrar e sem fazer alarde.

Ele não seguia um ritual que se pudesse apontar como chave para obter algum poder mágico. Às vezes tocava a pessoa; em outras ocasiões, aplicava um emplastro de lama nos olhos de um cego ou simplesmente dava uma ordem: “Vá! Como você creu, assim lhe acontecerá!”.

Diversas curas realizadas por Jesus e posteriormente por seus discípulos constam de forma singular nas narrativas bíblicas. Porém, aconteceram também impactantes CURAS EM MASSA, como aquela narrada pelo médico Lucas.

Ele conta que Jesus, depois de ter escolhido seus discípulos, se deparou com uma multidão procedente de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e Sidom; que vieram para ouvi-lo e serem curados de suas doenças: “Os que eram perturbados por espíritos imundos ficaram curados; todos procuravam tocar nele, porque dele saía poder que CURAVA TODOS”.

Evidentemente, as curas de Jesus tinham propósito específico em seu ministério. Sinalizavam o poder de Deus a selar sua missão. Afora isso, foi certamente um privilégio ter vivido naquele tempo.

Sinagoga de Cafarnaum. A sinagoga edificada no século IV marca a sede do ministério de Jesus na Galileia, região de curas gratuitas realizadas por ele (foto do autor)

Por Tarcísio Vanderlinde. O autor pesquisa sobre povos e culturas do Oriente Médio.

tarcisiovanderlinde@gmail.com

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