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Tarcísio Vanderlinde

O altar do misterioso sacerdote

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Melquisedeque é visto por muitos estudiosos da Bíblia como uma figura enigmática. Embora seja identificado por alguns como prefiguração do Messias, parece não haver consenso sobre a origem deste estranho personagem.

Evidências antropológicas apontam Melquisedeque como Cananeu, alguém que, pelas regras estabelecidas posteriormente, seria desqualificado para o cargo sacerdotal que exercia. Conforme Gênesis, foi a Melquisedeque que Abraão prestou tributo.

Melquisedeque foi rei e sacerdote em Salém, provavelmente a Jerusalém primitiva. O nome do sacerdote significa “rei de justiça”, do hebraico “malki-tsedeq”, enquanto que o nome da cidade significa “paz”, “segurança” ou “pacífico”. Melquisedeque vai aparecer mais tarde no texto de Hebreus como “rei de paz”.

Afora especulações de cunho histórico-teológico, é possível concluir que Melquisedeque era monoteísta, um autêntico adorador do Deus único. Tal conclusão é também compartilhada pelo historiador Flávio Josefo, pelos pais da igreja e mais tarde pelos reformadores.

A descoberta de um pilar de pedra no altar utilizado por Melquisedeque no lugar onde este teria se encontrado com Abraão tem jogado luzes sobre a figura desse enigmático sacerdote de El Elyon, o Altíssimo. O achado foi feito pelo arqueólogo Eli Shukron, em 2019, próximo ao Monte do Templo.

Shukron, que também é guia de visitantes em Israel, tem dedicado parte de sua jornada a investigar marcas relacionadas à Bíblia em Jerusalém. Para ele, o pilar encontrado lembra o relato bíblico de quando Jacó teve um sonho em Betel onde viu uma escada que ia até o céu.

A passagem mostra que, depois do sonho, Jacó teria dito: “Que maravilha é este lugar! Este não é outro senão a casa de Deus, e esta é a porta do céu! Então Jacó levantou-se de madrugada e tomou a pedra na qual repousara a cabeça, montou-a como um pilar e derramou óleo sobre ela”.

Shukron acredita que Melquisedeque estabeleceu um pilar de pedra em Jerusalém, assim como Jacó fez em Betel: “Estamos em um lugar muito importante. Volte para Melquisedeque. Volte para o tempo de Abraão. Entenda de que maneira essas pessoas estão adorando a Deus no começo”, destaca Shukron.

O arqueólogo ainda observa que sua descoberta contrasta com outros lugares de culto na antiguidade: “Aqui é simples: pedra, animais, sacrifícios. A pedra é a casa de Deus, não há ouro nem diamantes, tudo é simples, é o que Deus quer que sejamos, simples. É fantástico. Por quê? Por que razão? Para nos conectar com Deus”, explica Shukron (Fonte: www.comunhao.com.br).

Monte do Templo em Jerusalém visto do Monte Scopus. A descoberta de Eli Shukron foi feita nas imediações desse monte (foto do autor)

Por Tarcísio Vanderlinde. Ele é professor sênior da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

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