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Arno Kunzler

Piorou tudo

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De reforma em reforma eleitoral, tudo ficou pior.

A menos de um ano das próximas eleições e nenhum dos pré-candidatos a prefeito de Marechal Cândido Rondon sabe por qual partido vai disputar o pleito.

Criaram o instituto da fidelidade partidária, mas abriram uma janela para autorizar os infiéis a mudar de partido a cada eleição.

Por causa do grande número de partidos políticos de aluguel (aqueles que vendiam seu tempo de TV), criaram a cláusula de barreira, regra em que os partidos só terão direito a espaço e dinheiro quando alcançam um determinado número de deputados eleitos, num determinado número de Estados.

O que deveria servir para disciplinar os partidos, torná-los mais fortes e perenes, parece que bagunçou a cabeça dos políticos e a confusão cresce a cada eleição.

Cada político candidato escolhe um partido que no momento oferece melhores chances de vitória.

Assim, algumas legendas servem para garantir eleições de vereadores e prefeitos, que são obrigados a rezar “um terço” para os deputados detentores dessa legenda.

Se antes os partidos eram balcões de negócios, agora viraram verdadeiras lojas de negócios.

Além disso, o número de candidatos ficou reduzido, o que deveria servir para melhorar a qualidade. Contudo, isso permite a manipulação das legendas boas de tal forma que só consegue vaga quem é amigo do rei.

Os pré-candidatos desesperados em busca de legendas e quem as comanda se aproveita disso para negociar vínculos e compromissos futuros.

Poderíamos ter partidos mais organizados em torno de ideais e programas e não de interesses eleitorais imediatos.

Enquanto não se pratica democracia interna nos partidos, é legítimo e muito mais fácil “comprar” uma legenda.

E, já que os partidos estão “à venda” para pagar com a moeda política que eles chamam de “compromisso”, só nos resta homologar quem eles indicam.

Passei toda minha juventude lutando pela democratização do país e do modelo político.

Os últimos 30 anos torcendo para que os nossos congressistas conseguissem aprovar uma reforma eleitoral que permitisse ao cidadão exercer democraticamente sua liderança, mas… até agora só piorou o que já era ruim.

Desse jeito nunca vamos ter partidos perenes e nem lideranças que cresceram dentro deles.

As legendas estarão sempre a mercê dos oportunistas.

Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul

arno@opresente.com.br

@arnokunzler

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