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Elio Migliorança

EDUCAR E DESEDUCAR

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Iniciamos o ano letivo, e lá vão milhares de professores e milhões de alunos na busca do saber que deve vir acompanhado de formação ética, moral e filosófica. Na educação, a esperança de milhões para conquistar uma melhor posição social e econômica. Irão os professores lutar contra muitas adversidades para conseguir proporcionar a seus alunos este aprendizado. Buscamos nos heróis da pátria e nos exemplos de pessoas bem-sucedidas, tanto no campo profissional como na esfera pessoal, os modelos para indicar aos alunos que exemplos seguir. Há muitas pessoas que servem como modelo positivo. Gente que se dedica a fazer o bem, a promover a justiça, a melhorar a condição dos marginalizados, gente que luta nas associações, nas diretorias de escolas e na assistência social, como gesto concreto para promover o bem do outro. São pessoas que passam por este mundo e deixam a sua marca, uma marca do divino na ação humana. No trabalho incansável do pai e mãe para sustentar a família, no suor do trabalhador que, mesmo tendo sua plantação destruída pelas intempéries, a cada dia renova a esperança de que agora será melhor e lança a semente novamente, buscamos os exemplos para educar nossos estudantes.
Mesmo sem saber, todos aqueles que agem honestamente, não importa sua condição social e econômica, são apontados como exemplo a ser seguido. Esta multidão anônima são as pessoas que ajudam a educar. Nem sempre o que ganha mais dinheiro é o melhor modelo de sucesso. Já me disseram que a vida é muito curta para conseguir enriquecer honestamente.
Por outro lado, temos outra parcela da população que contribui e muito para deseducar nossos estudantes. Nas últimas semanas, o país foi sacudido por mais uma série de denúncias pesadas e escabrosas contra figuras coroadas da política nacional. Como não dar atenção a estas denúncias?
Tudo neste país é decisão política. Quem decide os rumos da Nação são os que fazem as leis e administram os recursos públicos. A eles compete a responsabilidade maior pelo bem-estar de todos. Num debate sobre a conjuntura atual, um aluno apresentou aos colegas um artigo publicado recentemente que denunciava haver tanto na Câmara Federal quanto no Senado dezenas de parlamentares processados por corrupção, formação de quadrilha, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, compra de votos e sonegação fiscal. Isto não pode ter sido tirado do nada. Se há um processo é porque houve uma denúncia baseada em fatos. Um processo jamais teria chegado ao Supremo Tribunal Federal (STF) se não tivesse consistência. São acusações graves. E os parlamentares honestos deviam ter vergonha de dividir o mesmo espaço com gente deste nível.
E aquela história do Senado, Câmara e Assembleia Legislativa, onde os presidentes se recusam a divulgar os gastos feitos pelos parlamentares com a tal verba indenizatória? Gastar nosso dinheiro e não prestar contas é um roubo. Ao final da leitura daquela matéria a sala de aula foi tomada por uma imensa gargalhada, seguida de qualificativos que aqui não podem ser publicados.
Estou fazendo a minha parte e encerro aqui com a frase: “para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada”. Meus alunos ainda são bons.

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