Fale com a gente

Fátima Baroni Tonezer

Cuidar de si para cuidar dos outros: as chaves da autoestima

Publicado

em

Quando o assunto é autoestima, precisamos pensar em como acessá-la, isto é, quais são as chaves que abrem essa porta. Vamos começar pensando algumas questões de fórum íntimo: você se ama o suficiente para alimentar sua alma? Do que você se alimenta diariamente: do cotidiano, dos conflitos, das comparações? Você separa um tempo para si mesma(o) na sua agenda? Você se permite tempo para descansar e reconhecer suas necessidades e atendê-las? Essas perguntas nos levam  a primeira chave: a autoconsciência. Entrar em contato consigo, olhar para dentro, perceber as próprias necessidades e carências. Descobrir recursos e habilidades. Conhecer a própria vida, reconhecer sua jornada, o caminho que trouxe você onde está agora, acolher suas sombras emocionais e dores inconscientes. Perceber o que mina suas energias, circunstâncias que você repete, sentimentos e pensamentos que geram comportamentos que mantém a dor. Tem uma música, que não recordo o autor, que diz que ninguém sabe a dor e a delícia de ser quem você é. É isso, ninguém sabe, só você.

Ter consciência de quem se é – a autoconsciência – é essencial. Como já dizia Carl Rogers, na aceitação de quem sou reside a possibilidade de mudança. Repito com frequência que voltar o olhar para dentro é doloroso. Aprendi ainda na universidade, com o criador da Gestalt-terapia, Frederick (Fritz) Perls psicoterapeuta e psiquiatra de origem judaica, que crescer leva tempo e dói. É dele também citações como “não tenha medo de erros. Erros não são pecados. Erros são formas de fazer algo de maneira diferente, talvez criativamente nova”.

E isto nos leva a segunda chave: a autoaceitação. Aceitar-se é essencial para amar-se. Aceitar não é imobilizar, cristalizar e por isso não se mover em direção a mudanças. Pelo contrário, é colocar o foco naquilo que você é capaz de fazer e deixar de se culpar pelo que não funciona. Muito do que se chama defeito é uma potência que não está sendo percebida. Temos muito medo de entrar em contato com nossas sombras por acreditar que esse termo só se refere a erros, culpas e defeitos, o pior que há em nós. Não só, pelo contrário. Nesse arquivo há muitas possibilidades e habilidades, esquecidas e consideradas erradas por crenças e opiniões alheias que interferem na sua autoconsciência e autoaceitação. Pergunte-se: você vê sua capacidade de mudar como dependente da aceitação e validação do outro?

COMO ANDA SUA AUTOESTIMA? VAMOS IDENTIFICAR PADRÕES?

Muito se fala de baixa autoestima, autoestima elevada. Já está claro que ter baixa autoestima não é bom, e algumas vezes acreditamos que o melhor é ter autoestima elevada. Vamos conferir os conceitos e níveis de autoestima e como construir a sua? Vou começar pontuando aspectos da baixa autoestima.

Pessoas com baixa autoestima não acreditam nas próprias habilidades; tem baixa tolerância à frustração e aos erros; tem necessidade excessiva do reconhecimento externo; evita novos desafios e tende a procrastinar; tem comportamentos de punição excessiva a qualquer falha, sendo muito rígido consigo mesmo(a), mais que do que com os outros. Nessa condição, a pessoa torna-se dependente, se anula, e busca  no outro o preenchimento do vazio, da suas carências. Não tem consciência do que está fazendo e porque está fazendo. Não consegue lidar com as dores, tamponar e curar seus próprios “buracos” e vazios. E em alguns momentos que a sobrecarga extrapola os limite do suportável e explode, se sente culpado(a) e volta a passividade e aceitação de que não merece e não consegue.

O lado oposto deste espectro é a autoestima elevada. E como já citei anteriormente, algumas pessoas alegam ser a mais recomendada. Mas também é um problema. Nesse caso, as pessoas são extremamente excêntricas e orgulhosas; não aceitam observações de terceiros, pois sentem-se superiores; tem baixa tolerância à frustração; não reconhecem seus erros ou pontos de melhorias; se acham acima dos outros, sentindo necessidade de rebaixar constantemente os outros para sentir-se superior. Na autoestima elevada, a pessoa se coloca no ponto da “arrogância”, tipo “sou melhor”, “sou o gás da coca”, e tem comportamentos abusivos, não tem clareza e consciência do que está fazendo. Aqui também a insegurança e a carência estão presentes. E para tamponar uma necessidade, uma carência etc. cria relações para lidar com essa falta, fora dele(a). Apequena, diminui os outros para se sentir grande. Torna o outro fraco para fugir do sentimento do “não sou bom o suficiente para fazer o outro feliz” e então faz com que o outro acredite que não vai conseguir nada melhor que ele. Esse tipo de relacionamento, como já vimos, torna-se toxico e abusivo, afetando vidas.

AUTOESTIMA – NEM BAIXA NEM ELEVADA – PONTO DE EQUILIBRIO

Antes de falarmos de autoestima saudável e positiva para nossa vida e relações, vamos conversar ainda sobre um outro tipo de autoestima. Vamos falar das pessoas que aparentemente possuem uma boa autoconfiança e habilidades interpessoais, porém qualquer enfrentamento que abale essa crença, ela desmorona. Estou falando da autoestima frágil. Esse tipo de autoestima é caracterizado pelo excesso de sensibilidade emocional e podemos identificar pelos seguintes comportamentos: carência; magoar-se com facilidade; dificuldade de lidar com críticas; necessidade de agradar para sentir-se aprovado(a) pelos outros; baixa tolerância à frustração; dificuldade em dizer não; colocar limites; culpar-se com frequência por situações que fica remoendo; dependência social, entre outras.

A autoestima saudável tem a ver com a qualidade da relação que tenho comigo mesmo(a). E quanto maior a sensibilidade emocional, maior a dificuldade de lidar com críticas, abandono, indiferença e rejeição, além da forte tendencia a culpar-se e cobrar-se muito. É na autoestima frágil que a maioria das pessoas se encontram. É possível que numa mesma pessoa exista a autoestima baixa e/ou elevada e a frágil, pois são eixos diferentes da autoestima. Um desses eixos, o da altura – baixa ou elevada – e o outro da qualidade – sensibilidade emocional. Varia o quanto a pessoa consegue ser segura de si e menos dependente do outro – equilibrada ou boa, frágil. A autoestima envolve a integração de um tripé – pensamento, sentimento, ação. Vamos conversar desse tema no próximo artigo. Continue me acompanhando, aqui e nas redes sociais. E lembre-se que que quiser conversar comigo, é só me chamar.

Até a próxima…

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

@psicofatimabaroni

Copyright © 2017 O Presente