Fale com a gente

Fátima Baroni Tonezer

Essa tal liberdade!

Publicado

em

“Você só é livre quando você faz o que não quer!”. Essa frase, de Immanuel Kant, filósofo alemão do século XVIII e um dos principais pensadores do Iluminismo, resume um paradigma muito atual, e que sempre acompanhou a humanidade, já que a raiz de alguns problemas do ser humano é não entender o que liberdade significa enquanto prática.

Sou livre para fazer o que bem entender, tudo o que tiver vontade. E aí vem a diferença: posso fazer sim, mas consciente de que também serei eu a assumir as consequências dos meus atos, a responsabilidade pelos desdobramentos para a minha vida e dos outros.

Aqui entra a beleza e a profundidade da frase de Kant, dita no século XVIII: sou livre quando, apesar de poder fazer, escolho não fazer porque as consequências me serão danosas. O ser humano quer ser livre, mas não consegue dominar a si mesmo. Daí nascem toda sorte de vícios, transtornos, doenças, procrastinação, baixa autoestima, infelicidade.

Por isso falar e praticar regulação emocional é tão importante. Regulação emocional tem sido considerada um componente da inteligência emocional, que, por sua vez, diz respeito às habilidades que as pessoas possuem de identificar, nomear e agir em relação aos próprios sentimentos e aos de outras pessoas, segundo Daniel Goleman (2006).

E dizemos que a regulação emocional é um componente da inteligência emocional por referir-se a um processo dinâmico ligado a esforços conscientes no controle dos comportamentos, dos sentimentos e das emoções.

SAÚDE MENTAL E EMOCIONAL

A inteligência emocional ensina autodomínio, autoconfiança e autoconhecimento, agindo como principal recurso no auxílio à saúde mental e emocional. A liberdade aparece com o brilho do imediatismo, da recompensa fácil, do prazer. Nos mantém presos na zona de conforto, conceito bem popular atualmente, no medo de perder algo, no receio de dizer não, no aprisionamento em algum vício, nos atalhos, na dificuldade de tomar decisão e fazer escolhas.

A consequência visível disso: problemas nos relacionamentos, afetos, resultados almejados, baixa qualidade de vida, sofrimento. O maior dano causado pela falsa impressão de liberdade é a vitimização e a terceirização das responsabilidades. E do alto da reclamação fica fácil justificar fracassos.

A MAIOR LIBERDADE DO SER HUMANO É A VITÓRIA SOBRE SI!

Vivemos presos nas teias da modernidade, na vida editada das redes sociais, da beleza física do padrão estético que produz milhares de “zumbis” com caras e corpos idênticos, da riqueza material que nos aprisiona. E tudo isso nos afasta cada dia mais da nossa essência.

Somos mais que 8 bilhões de seres humanos habitando este planeta neste momento, cada um com sua história, com suas dores e alegrias, com seu DNA. E estamos abrindo mão desse conhecimento milenar para viver a superficialidade de regras insanas que buscam enriquecer poucos aos controlar os demais.

O adoecimento mental que vemos estampados nos rostos e nas manchetes dos noticiários é decorrente da dor de sermos aprisionados pelas nossas próprias armadilhas. E é maior do que aceitar correr riscos e respeitar nossos reais desejos e necessidades. Isto pede autoconhecimento, processo árduo e solitário, de mergulhar dentro de si. E que não precisa ser enfrentado sozinho(a), buscar a psicoterapia é um caminho de apoio e suporte às dores e descobertas lindas que faz sentido para cada um.

Já dizia Sócrates, filósofo grego (470 a 300 a.C.), que livre é a pessoa que consegue ter domínio sobre seus pensamentos e sentimentos, porque a consequência disso se traduz e é visto nos comportamentos. Não mudamos o que não conhecemos. Quanto mais aprendemos a nos regular emocionalmente, menos escravos somos de nós mesmos. E mais perto da felicidade e liberdade estamos. Para fechar com a frase inicial, ser livre não se trata de repetir “não posso” (restrição, negação), mas dizer “posso, não”, isto é, poder, posso, mas escolho, decido não fazer apesar de poder fazer.

Nos vemos na próxima semana?

Sim, vamos continuar nos encontrando em 2024 para conversar sobre saúde mental, autoestima e tantos assuntos necessários. Vem comigo!

Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

@psicofatimabaroni

Copyright © 2017 O Presente