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Fátima Baroni Tonezer

Três formas de lidar com a impotência e a frustração

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No artigo da semana passada, conversamos sobre a impotência que não alcançar nossos objetivos, metas e sonhos provoca em nós. E como prometido, hoje vamos ver algumas dicas para identificar e lidar com esses sentimentos. Não leu o artigo? Clique aqui e leia, é importante.

O primeiro ponto é o autoconhecimento. Identifique seus sentimentos, perceba o desconforto, nomeie e entenda que são emoções e sentimentos humanos. Todos nós ficamos zangados, com raiva, tristes, chateados. Procure se acalmar e identificar o que pode ser feito, se há algo a fazer ou não. E se depende de você somente. Praticar a aceitação, isto é, aceitar a situação, que é diferente de se acomodar. Buscar estratégias e ações que podem ser implementadas para resolver ou amenizar os sentimentos.

O segundo ponto é acolha-se, abrace-se, acalme-se. Seja gentil consigo. A maior parte das demandas da vida não dependem ou obedecem aos nossos comandos. Ao se acolher, protegendo-se, permitindo sentir o que está sentindo, sem negar, você desenvolve a sua autonomia e a capacidade para lidar com dificuldades e contrariedades, e assim superar os momentos em que as coisas não saíram como você queria. Uma pessoa – criança, adolescente ou adulto – capaz de lidar com a frustração mais facilmente adota uma postura mais flexível, de abertura às adversidades. Sendo este, aliás, um indicador de saúde mental.

E o terceiro ponto é aprender a lidar com a frustração, que desenvolve no ser humano a autonomia e a resiliência. Experimentar algo que não temos controle pode ser vivido como fracasso, mas também podemos aprender com os erros e colher recursos.

ME SINTO IMPOTENTE QUANDO…

São vários fatores que podem me levar a sentir impotência, entre eles:

Uma necessidade não satisfeita. É o tipo de frustração mais comum. Nosso comportamento humano é explicado pelas nossas necessidades, desejos e motivações, seja de ordem fisiológica, social, de estima ou autorrealização. A não realização de uma necessidade dá origem a uma frustração, não significando que ficará eternamente frustrado, já que é possível satisfazer outras.

Não concretização de um objetivo. Durante a vida vamos estabelecendo objetivos e metas. E frequentemente nos deparamos com obstáculos que impedem a concretização do objetivo e nem sempre a “pedra no caminho” é minha, isto é, eu posso removê-la com meu esforço. O mundo gira por conta própria, apesar da minha vontade ou necessidade.

Término de uma relação afetiva. Quando um relacionamento termina, é comum a sensação de vazio pela perda do outro. A frustração acontece também na medida que um relacionamento amoroso é um investimento afetivo pessoal, um projeto de expectativas, um “afastamento de mim” para viver o nós, partilhando nossos sentimentos e pensamentos mais íntimos, com a expectativa que o outro me preencha e me ame, por mim também. Ou seja, tenha o amor por mim que eu não tenho.

Por perda física. Apesar de saber das consequências do nosso estilo de vida e que a morte faz parte do ciclo da vida, não nos preparamos para ela. Logo, quando surge uma doença, minha ou de uma pessoa próxima, a sensação de impotência se instala imediatamente. Começam os questionamentos, por que comigo? Por que com ele(a)? Medo, culpa, impotência… uma miríade de sentimentos e um luto difícil de aceitar e lidar. Olhar para nossas escolhas diárias, de como lidamos com a saúde – física, mental e dos relacionamentos – é essencial para nos prepararmos para este momento. Vivemos como se fôssemos eternos e quando quiser, resolvo aquele conflito. O que, aliás, nos leva ao próximo ponto.

Conflitos. Essa frustração acontece quando tomamos a decisão e escolhemos uma entre várias opções. E isso significa abdicar de alguns benefícios implícitos nas outras escolhas. Quando não alcançamos nosso objetivo e nos frustramos, começam os questionamentos e as fantasias de que se tivesse feito isso ou aquilo, teria sido diferente, teria sido mais feliz. Isto porque idealizamos aquilo que não aconteceu. Tudo o que não aconteceu é melhor, seria mais fácil e tranquilo. Ledo engano. Isto é fantasia, não realidade.

No segundo artigo deste ano escrevi que nada é tão bom quanto a sua expectativa. Isto porque geralmente quando estabelecemos um objetivo ou meta, deixamos de levar em consideração o esforço que teremos que empenhar para alcançar, e que talvez gere conflitos com outras pessoas, ou não tenhamos todos os recursos ou disciplina para obter aquilo. E porque acreditamos que se alcançarmos aquilo, então seremos felizes.

Na próxima semana, vamos conversar sobre por que isso acontece. Onde está o ponto de falha.

Fique comigo. Nos vemos na próxima segunda.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

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