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Urbano Mertz

A COP 27 e a nossa cidade

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Nosso povo tem uma tradição de se reunir para discutir problemas comuns, tais como a destinação de resíduos, arborização urbana, conservação de solos, sanidade agropecuária, etc. Em Marechal Cândido Rondon também temos um Conselho de Meio Ambiente que tem encaminhado inúmeras soluções no âmbito ambiental e uma equipe de técnicos do Poder Público que tem atuado proativamente na solução de um grande problema que é a geração e a destinação de lixo e demais resíduos domésticos.

Ter no município uma cooperativa e uma associação formal de catadores para recolher, classificar, embalar e comercializar os materiais recicláveis também é um avanço social e ambiental significativo. Cerca de 20% de todo o resíduo produzido no município é reciclado: isso reduz a pressão sobre o aterro sanitário, reduz custos do município e gera renda para 70 catadores associados às suas organizações.

Embora ainda haja quem queira investir na instalação de caríssimas usinas de energia elétrica utilizando o lixo doméstico como combustível, o município de Marechal Rondon tem condições de investir na produção de energia a partir do gás metano gerado no aterro sanitário. No entanto, pequenas ações, tais como a separação do lixo orgânico e sua destinação à compostagem, a separação e condicionamento dos resíduos recicláveis em contentores e a destinação dos demais resíduos no Ecoponto – onde os recicláveis também poderão ser trocados por cupons válidos na aquisição de alimentos nas feiras – são atitudes cidadãs que promovem o nosso desenvolvimento sustentável.

A instalação do ecoponto no Parque de Exposições, onde são levados resíduos diversos produzidos nas casas e lotes da cidade, acabou sendo importante fator de redução de custos para a municipalidade. Desapareceram os amontoados de galhos e resíduos domésticos que poluíam a cidade. Com o Poder Público oferecendo alternativas e incentivando atitudes cidadãs, a população corresponde, pois uma cidade limpa e organizada é sempre um lugar melhor de se viver.

Muitas vezes, políticas públicas inovadoras surgem de experiências locais bem sucedidas. Doravante, os conselhos municipais de meio ambiente e demais órgãos e entidades ligadas à preservação ambiental serão novamente desafiados a promover conferências e fóruns de debates para propor soluções aos problemas ambientais que já afligem toda a sociedade.

A produção de lixo e a poluição do meio ambiente também são questões presentes na COP 27, que ocorre no Egito entre os dias 6 e 18 de novembro. A “COP” é a “Conferência das Partes” que trata sobre as mudanças climáticas causadas por ações humanas.

Com a COP 27, o Brasil voltará a ter protagonismo nas questões ambientais no mundo, principalmente relacionadas à meta que assegure que a temperatura média do planeta não aumente mais que 2C° até o ano de 2100.

Sendo um país tropical com amplo estoque de florestas nativas capazes de fixar o excesso de carbono da atmosfera, o Brasil deverá se beneficiar do mercado de carbono para apoiar a preservação dos ambientes naturais como os da Amazônia, do cerrado e da mata atlântica. Este fluxo de recursos também poderá apoiar projetos da Agricultura de Baixo Carbono, reflorestamentos, arborização urbana, saneamento, aterros sanitários e reciclagem de resíduos.

Tudo leva a crer que a COP 27 finalmente levará os países ricos, que são os grandes poluidores e que não conseguem cumprir as suas metas, a liberar recursos para projetos de sequestro de carbono e de combate aos efeitos das mudanças climáticas, tais como a elevação do nível dos oceanos, inundações e secas prolongadas, que são cada vez mais frequentes.

No entanto, mudanças de atitudes de empresários e dos cidadãos em geral quanto ao seu papel na melhoria das condições ambientais se dará com uma legislação adequada e com metas pactuadas de forma participativa entre a população e o Poder Público através de conselhos e conferências.

Os conselhos de meio ambiente e a participação popular na elaboração de planos e na proposição de soluções vão indicar os caminhos que devemos trilhar para que, em 2100, nossos filhos, netos ou bisnetos ainda possam usufruir dos recursos naturais, tais como a água, solo produtivo, ar puro e clima ameno, da mesma forma como nós hoje os usufruímos.

Por Urbano Mertz. Ele é engenheiro agrônomo, vice-presidente do Conselho de Desenvolvimento Agropecuário e vice-presidente do Conselho do Meio Ambiente, ambos de Marechal Cândido Rondon

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