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Fátima Baroni Tonezer

Vivendo em tempos de pós-modernidade

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Vivemos tempos controversos. Somos bombardeados o tempo todo dizendo que precisamos descobrir nosso propósito de vida e vivê-lo. E, ao mesmo tempo, temos que ser igual a todo mundo, da aparência ao jeito de pensar e agir. Isso cria um vazio. Freud, Lacan, enfim a Psicanálise fala muito sobre esse vazio e os desejos. E da loucura de que nem sempre queremos aquilo que desejamos, como sabiamente pontua o Dr. Jorge Forbes, psiquiatra e psicanalista brasileiro.

Nunca foi tão atual a busca pela resposta para “quem sou eu?”. O que vemos são grupos de pessoas que, dolorosamente, agem na busca do enquadre e aceitação no padrão social. Sim, é certo que a noção de “eu” nasce através do outro. E o “outro” nasce através do eu. Essa necessidade de espelhamento é estrutural do ser humano. Nós nos reconhecemos através do outro. Por isso, somos porosos à opinião do outro. A questão é não se perder na opinião do outro, isto é, aprender a filtrar essas opiniões, saber quais usar e quais ignorar, para sentir-se adequado na própria história e vida.

NÃO PRECISA SER PERFEITO AQUILO QUE NÃO PRECISA SER FEITO!

Vamos refletir um pouco: quem é você? Você sabe quais são seus rótulos? Porque nós reagimos de acordo com os rótulos, que nos damos ou aceitamos de fora. E ficamos presos e vivendo o rótulo, não a vida. Você é livre para ser quem você é?

Quando você sabe quem é, atinge a liberdade de ser quem é, e isso leva ao silêncio interior. Independentemente do que disserem, você não se incomoda, porque sabe que é opinião alheia. Esse é o caminho do autoconhecimento, que leva a outras liberdades. Contudo, fica o aviso: mudar dá trabalho. Exige esforço e dedicação. É um longo caminho de autoconhecimento.

ACEITAR-SE PARA ENTÃO MUDAR!

Segundo Carl Rogers, psicólogo estadunidense, o paradoxo curioso é que, quando me aceito como sou, posso mudar. É sobre isso nosso artigo. Quando olho para dentro, me percebo, vejo minha história, minhas dores, meus êxitos. Olhar para a dor me faz sofrer. Então coloco uma camada de raiva. Mas também não quero sentir raiva, então coloco outra camada: o controle. E tudo que sai do controle me deixa estressada(o). E nos colocamos no lugar de querer ter o controle no lugar de olhar para a dor, para os sentimentos. E quando algo sai do controle vem o julgamento – “a melhor defesa é o ataque”.

Para mudar isso, o caminho é primeiro reconhecer aquilo que está tentando controlar. E desistir de controlar aquilo que não tem controle. A necessidade de controle vem da necessidade de mostrar que eu sou grande, que tenho importância. É valioso reconhecer que atrás da necessidade de controlar as coisas tem uma emoção. E reconhecer para mim mesma(o), falar com alguém, escrever. E então, fazer algo para descarregar essa emoção. A emoção esconde uma dor que a gente não quer nem lembrar. Às vezes lembra, mas remexe, não quer entrar em contato com o lugar de dor. Para não entrar na dor, nos apegamos ao sofrimento, nos colocando no lugar de vítima ou do controle. Se eu acesso o lugar de dor como vítima, transformo a dor em sofrimento que não vai acabar nunca. Vou procurar um culpado, terceirizar. Acessar essa dor é, em última instância, acessar o lugar de vulnerabilidade, que é ruim, mas é este lugar que abre espaço para uma vida mais leve. Mas, e se por trás da dor estiver a raiva? É possível sentir raiva? Isso não é errado?

A raiva é uma das emoções humanas. Existem dezenas. Experimente se permitir. Tente liberar o choro. Liberar a comunicação. Porque quando eu acesso o lugar de dor com autorresponsabilidade, aceitação e inclusão, sinto alívio. E depois da tempestade, podemos acessar o amor. Quando desisto de ficar na reclamação, no julgamento, eu tenho tempo para o autocuidado, para estimar, amar a mim mesma(o). E isso não é egoísmo. Quanto mais eu me amo e me cuido, mais estou disponível para o outro, para amar sem julgamento e cobranças. A repetição da reclamação só traz sofrimento, no mundo físico e mental, leva à somatização, abre espaço para as doenças.

AMOR: ESSE TÃO FALADO E TÃO POUCO COMPREENDIDO!

Amor não é dizer “eu te amo”, abraçar e beijar; isso é afeto e carinho. Amor é fluxo, é uma energia vital. O propósito de algo (trabalho, relacionamento…) não é se preencher. O que dá a sensação de completude é o seu interior, é ser você mesma(o). O resto é o que você faz com isso. Eu sei que parece confuso e muito distante, quase impossível de conquistar. Mas no fundo só estou falando de outro conceito tão batido e mal-interpretado: a autoestima.

E por falar nela, como anda a sua autoestima? Vamos conversar sobre autoestima na sua essência e plenitude? Não perca a coluna da próxima segunda-feira, dia 24 de julho. E me acompanhe nas redes sociais.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

@psicofatimabaroni

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