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Fátima Baroni Tonezer

Chegou dezembro! Alegria ou desespero?

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Quando se fala de fim de ano, alguns pensam em festa e alegria, já outros sentem angústia e estresse. Isso porque, para muitas pessoas, o que vem à cabeça é Natal, réveillon, correria para montar pinheirinho, comprar presentes, viagens, organizar e reformar a casa, ou seja, fazer tudo o que é necessário ou não para estar bem na “foto do fim de ano”.

Isto implica, muitas vezes, em “estourar” orçamento familiar, porque a cada ano parece que a lista de “amigo secreto”, presentes, confraternizações, que fazem um estrago nas nossas finanças, só aumenta.

ENTENDENDO A SITUAÇÃO

Devido a essa sensação de urgência, de tudo o que não conseguiu fazer antes, o cansaço e a angústia elevam a nossa ansiedade. No final de ano tem muita coisa acontecendo. No trabalho, é preciso planejar o ano seguinte, prazos esgotando, balanços, confraternização e amigo secreto.  Em casa, o tempo é dedicado às compras, aos presentes, às festas e ao planejamento dos dias de folga ou mesmo férias – suas, dos filhos ou da família toda, receber parentes em casa e é normal ficar estressado e mais ansioso. Porque com tudo isso para ser feito, ainda temos que dar conta da rotina do ano que não terminou.

No final de ano, a sobrecarga é grande, e isso tem até nome: excesso de estresse. Pesquisa da ISMA-BR (International Stress Management Association/2022) mostrou aquilo que já se percebe na prática. No mês de dezembro, a tensão é maior que nos outros meses do ano, aumentando em média 75%, de acordo com o estudo. Das 678 pessoas entrevistadas, de 25 a 55 anos: 75% ficam mais irritadas, 70% mais ansiosas, 80% sentem a tensão no corpo e 38% têm problemas para dormir. Daí a importância de ter consciência da situação, organizar um roteiro, colocar limites no planejamento e entender que esse momento é passageiro, mantendo a calma.

PLANEJANDO SEU FIM DE ANO

Por mais que alguém ache que não dá mais tempo, pois já é dezembro, calma. Ainda é possível planejar, criar um roteiro e seguir algumas dicas. A primeira coisa que acontece são as festas de fim de ano, isto significa as festas de família. Encontrar pessoas com as quais existe alguma diferença, seja religiosa, política ou de qualquer outra ordem.

Preparar-se para lidar com a situação e manter em foco o propósito daquele encontro ajuda a evitar discussões desnecessárias. Lembre-se, a opinião do outro não é verdade absoluta, respire e ignore. Não é hora nem lugar de convencer ninguém sobre nada.

Renuncie ao controle. Se ele quer atingir você, a decisão se será atingido ou não é sua. Há também pessoas que pela primeira vez vão lidar com a perda de uma pessoa querida. E em qualquer dessas situações citadas está tudo bem sentir o que você está sentindo, as emoções negativas. Permita-se sentir as emoções e evite criar expectativas grandes demais. Abra-se para o que vier e pode ser até que você se surpreenda positivamente.

Outra dica importante é: faça uma lista das coisas boas que viveu e passaram em 2023. Geralmente aprendemos a fazer uma lista de metas e desejos para o novo ano. Olhar só para as metas, o que falta alcançar, gera ansiedade. Experimente listar suas conquistas, projetos que deram certo, boas surpresas que aconteceram neste ano, não importa o tamanho. Faça a lista escrita em papel. Colocar essas coisas no papel, mesmo as menores, mudam a perspectiva e ajudam a clarear a mente para o que de fato aconteceu, sem se fixar só nas experiências ruins e no que faltou. Tirar o foco do negativo e iluminar o positivo, os pequenos gestos e conquistas, faz uma mudança na sua percepção e torna a felicidade e o bem-estar mais palpável. 

Também é muito importante manter-se no presente. Ficar pensando no futuro e tudo que está por vir e precisa ser feito aumenta a ansiedade e leva à procrastinação. Coloque no papel o plano para o final de ano e então concentre-se no presente. O que pode feito agora. E aja.

Planejar é bom, mas é preciso consciência de que não temos controle absoluto de nada. Então, abandone o controle externo e coloque seu foco no presente e o que pode ser feito hoje. Lembre-se: calendário foi uma forma que encontraram há centenas de anos para contar a passagem do tempo e contar a história. É apenas uma data. Nada vai mudar de repente porque mudamos de data no calendário. É mais que isso. Entenda por que não aconteceu, fatores externos e internos e veja que pode ser realizado se ainda fizer sentido para você.

A vida não vai mudar porque mudamos de ano no calendário. As mudanças acontecem aos poucos e são mais profundas, dentro de cada um, no tempo e de acordo com o propósito e sentido de cada ser. Toda mudança é resultado de um processo. Ter clareza disso tira um “peso” de cima dos ombros, alivia a sensação de acúmulo de tarefas e a frustração de não ter cumprido todos os objetivos traçados. Alguns ainda podem ser realizados. Outros perderam o sentido. E outros nem eram seus, mas de alguém que disse que era assim.

Na próxima semana vamos olhar para esse ano e o próximo e pensar algumas ações para tornar seu 2024, e quiçá, todos os anos, mais leves, com o estresse e a ansiedade consideradas naturais para a continuação da vida.

Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

@psicofatimabaroni

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