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Fátima Baroni Tonezer

Autocuidado: desmistificando o autoamor

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Depois de algumas semanas falando de temas densos, que têm como objetivo trazer um alerta, hoje gostaria de ter uma conversa mais intimista, falando de alma para alma, como diria Carl Jung.

Você já ouviu falar de autocuidado?

Muito se fala de autocuidado, mas o que vem a ser isso na prática?

Em nossa cultura, somos incitados o tempo todo a cuidar dos outros, agradar os outros, buscando a validação externa. E nesse caminho esquecemos do amor-próprio. Já falamos sobre isso aqui, no artigo de 14 de agosto (clique aqui e leia), mas sempre é bom reforçar.

Por exemplo, alguém já pediu que você listasse rapidamente três pessoas que você ama? E qual a sua surpresa quando, após pensar sua lista, ele pergunta se você incluiu seu nome nela.

Pois é disso que se trata o amor-próprio ou autoamor. É quanto eu me coloco na lista de prioridades da minha vida. Sem a sensação de egoísmo, narcisismo. É aqui que entra o conceito de autocuidado. As ações mais fáceis de citar como autocuidado é beber água durante o dia, dormir bem. Apesar de colocar que são fáceis de falar não significa que são fáceis de praticar. Cada uma dessas ações exige treino e perseverança. 

E antes de aprofundar em mais ações é necessário resgatar um dado essencial: eu preciso sentir e acreditar que posso e mereço esse cuidado. Muito além de saber a importância para minha saúde, que já está bem documentada aqui neste espaço toda segunda feira, eu preciso trabalhar minhas crenças, construir minha autoestima para cultivar hábitos que importam para minha longevidade e autonomia na jornada da vida.

Cultivar o autocuidado é uma prática que coloca sentido no seu dia a dia, na sua rotina. É cuidar de si mesma(o), perceber seus sentimentos, suas emoções, suas necessidades físicas. É praticar o auto acolhimento, a gentileza consigo mesmo(a). De outra forma, é validar aquilo que é agradável e o que é desagradável. Essencial um parênteses aqui: na vida não podemos ter tudo; a cada escolha, renuncio muitas outras possibilidades e é preciso aprender a lidar com a frustração, o tédio e a incerteza que estar vivo nos impõe.

E nessa validação buscar estratégias para lidar consigo que não prejudique a si nem prejudique o outro. Lidar com as outras pessoas e com os desafios, respeitar os limites alheios e impor os próprios limites, ao outro e a si mesmo(a).

O AUTOCUIDADO É A AÇÃO DE CUIDAR DO NOSSO BEM-ESTAR!

O autocuidado é um dos fatores de proteção de nossa saúde mental e emocional. O autocuidado tem várias dimensões. O autocuidado psicológico que envolve atividades que auxiliem a cuidar da saúde mental e gerenciar o estresse da rotina. Alguns exemplos: escrever um diário, ler um livro que gosta, colocar limites nos outros e em si mesma(o), observar-se, percebendo seus pensamentos, julgamentos, crenças, atitudes e sentimentos.

O autocuidado emocional, que está relacionado com o cultivo de emoções agradáveis, que contribuem para o bem-estar. Descobrir o que faz bem é a dica. Exemplos: passar tempo com pessoas que gosta; elogiar-se, cultivar coisas que façam rir; brincar com crianças e pets.

Autocuidado físico, ou cuidado com o corpo que envolve da alimentação à atividade física, consultas médicas, psicoterapia etc. Alguns exemplos: seguir uma rotina alimentar adequada e saudável (café da manhã, almoço e jantar); exercitar (de academia a dança, caminhada, ciclismo etc.); sono de qualidade; fazer uma massagem; sair das telas e tomar um café com uma amiga.

Autocuidado espiritual, que se refere às atividades que nos ajudam a encontrar e sustentar um significado para nossas vidas. Isto pode envolver religiosidade ou não. Exemplos: encontrar tempo para refletir; meditar; orar; cantar; estar em contato com a natureza; buscar conteúdos inspiradores em leituras, músicas, palestras.

O autocuidado pode ser espalhado para outros ambientes, casa, escolas, empresas e comunidade, pois fica bem em qualquer lugar que nos rodeia. Pode ser praticado ao fazer uma pausa durante a jornada de trabalho para almoçar; dar/ter tempo de qualidade para conversar com amigos e familiares, e ter um grupo de apoio, praticar a gentileza e a compaixão.

PROMOVER O AUTOCUIDADO CONTRIBUI PARA AMPLIAR NOSSAS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO

Saber lidar com as dificuldades do dia a dia, as demandas da vida, é essencial. E a melhor maneira é praticar o autocuidado, que, como ficou claro, não tem nada de egoísmo, muito pelo contrário, quanto mais cuido de mim, mais apto a cuidar dos outros estou. Na próxima semana vamos falar de outro cuidado. Continua me acompanhando por aqui ou pelas redes sociais.

Até a próxima…

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

@psicofatimabaroni

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