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Fátima Baroni Tonezer

Não nascemos para ficar sentados! Perigos ocultos do sedentarismo

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Na última semana, conversamos sobre a dificuldade de dizer sim para todos, com o objetivo de agradar e ser amada(o), e ao agir assim, dizer não para si. E o contraponto desta atitude que é a dificuldade de dizer não para si. Não sabe do que estou falando? Leia o artigo da semana passada, clicando aqui. Basicamente o artigo fala da dificuldade de manter o controle sobre suas ações e agir no impulso. 

Impulsividade é a incapacidade de frear os seus impulsos. É não conseguir dizer não para si mesma(o).

ONDE ACONTECE? SERÁ QUE EU FAÇO ISSO?!

A impulsividade aparece quando eu como sem fome. Compro o que não necessito (e nem uso ou gosto depois). Ao falar, agrido o outro sem querer. E a impulsividade e a compulsão podem andar juntas, de mãos dadas.

A compulsão é não conseguir parar de fazer o que está fazendo. Sou impulsiva(o) quando não consigo dizer não para a comida, para as compras, para a procrastinação, pornografia… E o que está por trás dessa atitude? A busca de recompensas imediatas para conter um desconforto ou preencher um vazio.

A grande questão que surge aqui é que para ficar feliz, relaxar, divertir-se, você dá um jeito. Mesmo sem tempo, sem dinheiro, você encontra uma maneira de ir para a balada, à festa, beber com os amigos, ir para a pizzaria ou pedir um lanche.

Ir para o “comfort food” ou o “comfort drink” ou “comfort shopping”, entre outros confortos ou comodidades rápidas, buscando na comida, bebida e compras, para ficar em algumas, é uma opção para aquelas(es) que não querem entrar em contato com o que está difícil, incomodando.

Voltar o olhar para o interno, praticar o autoconhecimento pode ser doloroso e é lento. Exige mudanças.

VIVEMOS NUM MUNDO DIGITAL COM UM CORPO ANALÓGICO!

Há algum tempo ouvi essa frase e ela ficou ecoando em mim. No caso, a conversa era entre neurocientistas, psicólogos e psiquiatras e girava em torno das mudanças que vêm acontecendo cada vez mais rápido, muitas inovações, a inteligência artificial. Estamos sendo soterrados por tantas novidades, informações e a pressão para estarmos sempre a par, com uma opinião sobre tudo e “antenada(o)” com as mais novas tecnologias, e aí entra o impacto que a frase teve em mim: como seres humanos precisamos de tempo para adaptação e flexibilidade. Tempo, aliás, bem escasso diante de tantas coisas a serem vistas, aprendidas e superadas.

E quando o assunto é a nossa saúde, fica mais complicado ainda. Não sabemos a quem ouvir e recorrer, tantas são as fórmulas e informações disponíveis e coisas que precisamos ver, fazer e conhecer para não estar desatualizados(as).

VOCÊ NÃO SILENCIA SEU CELULAR, MAS SILENCIA SEU CORPO!

Reclamamos que o tempo está passando cada vez mais rápido. Já falamos disso aqui, lembra o artigo de 30 de janeiro, “Em que tempo você vive”, falando da ansiedade?

A questão é que nós estamos passando rápido pelo tempo. Estamos sempre tão ocupados que não percebemos a vida e o tempo. O tempo não mudou. O que mudou é a quantidade de atividades que queremos incluir em nossa agenda diária, semanal e mensal. Muitas atividades e programas e pouco ou nenhum tempo para cuidar de si. Isto é, não tenho agenda para mim.

E o corpo vai dando sinais, que nós ignoramos. Todos os sinais do corpo, as alterações, estão mostrando que há algo errado. Mas na pressa de alcançar os resultados, ignoramos, mascaramos e seguimos em frente, até a doença nos parar.

Temos muitos exemplos da importância e da diferença que “dar um tempo” provoca. Nos jogos coletivos, como o vôlei, por exemplo, quando as coisas fogem do controle, e a pressa, a tensão, o medo começam a levar a erros e ações impulsivas, os jogadores estão agitados e perdendo as jogadas, o treinador pede “tempo”. Uma parada estratégica para orientar, conversar, tomar água, respirar… e ao voltar para a quadra os jogadores estão mais focados. Para vivermos bem, sem pressa, nem atropelos, também precisamos de tempo, respirar, acalmar a mente e o corpo e tomar as decisões necessárias.

Nessa corrida desenfreada, que nos deixa sem tempo e sem fôlego, acabamos vivendo no sedentarismo, que pode levar a inúmeras doenças, que, por sua vez, limitam nossa autonomia e liberdade. Nós nascemos para o movimento.

O ser humano evoluiu se movimentando, caçando, carregando peso, mas a “evolução humana” encontrou a “evolução tecnológica” e “descobrimos” o sedentarismo. E aí começaram nossos problemas de saúde e mobilidade.

Em pleno século XXI precisamos entender o conceito de ser saudável. Ser saudável é ter uma perspectiva de criação de saúde e não de tratamento de doenças. Sabemos que muitas doenças têm como origem a genética, mas hoje não precisamos nos render à genética e esperar a doença chegar.

Temos conhecimento comprovado da importância e da influência do ambiente. E nesse quesito temos como lidar e mudar. Estou falando de estilo de vida. E no estilo de vida entram três ações simples, que não demandam muito dinheiro. Estou falando de movimento, alimentação e pensamentos.

“TODOS OS PENSAMENTOS VERDADEIRAMENTE GRANDES SÃO CONCEBIDOS DURANTE UMA CAMINHADA”

Essa frase de Friedrich Nietzsche, filosofo que nasceu na Prússia em 1844, já exaltava a importância de movimentar o corpo para grandes ideias e para a criatividade. Movimentar-se, isto é, atividade física não é somente ir à academia.

Para fugir do sedentarismo, você pode cultivar pequenos hábitos, como: deixar o carro na garagem ou estacionar longe do lugar onde pretende ir; subir escadas, caminhar enquanto fala ao telefone, evitar ficar muito tempo sentado, brincar com as crianças, praticar jardinagem, levar seu pet para passear, caminhadas. São muitas possibilidades de se colocar em movimento.

Também há as opções de exercícios físicos, que são atividades planejadas e estruturadas, com um objetivo específico. Aqui entra academia, treinamento funcional, calistenia, artes marciais, natação, entre outros tantos. Vale lembrar que um corpo que se movimenta com frequência ganha mais força, flexibilidade e equilíbrio, fundamentais quando pensamos no envelhecimento, para a prevenção da sarcopenia e quedas, importante causa de imobilidade e morte em idosos.

Cultivar o hábito de dar passos, entre cinco e dez mil por dia, já tira você do sedentarismo. Com dez mil passos diários você ganha três vantagens extras: previne Alzheimer, muda sua flora intestinal  e estica sua vida em oito anos. Dez mil passos equivalem a sete quilômetros e podem ser caminhados em casa, saindo do sofá e desligando o celular.

Movimento, junto com alimentação saudável, baseada em comida fresca, caseira e sono de qualidade fazem parte dos pilares da boa saúde. Cuidar da saúde não significa nunca ficar doente; significa ter qualidade de vida e bem-estar.

Já falamos de sono (artigos de 15 de maio e 22 de maio) e alimentação (08 de maio) aqui nesse nosso canal de comunicação. Vale a pena ler novamente e seguir as dicas.

Esses são os pilares da boa saúde, mas falta um, muito importante também, que abarca muitos aspectos. Na próxima semana vamos conversar sobre ele. Anota aí e acompanhe.

Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

@psicofatimabaroni

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